Eu tinha vinte e oito anos quando o Público saiu pela primeira vez. Iniciámos então uma amizade que dura até hoje. Mantemos uma relação permanente. Diária. Tenho amigos entre quem o faz e nem sempre estou de acordo com o que é opinado. Tal e qual como com os amigos. Mas a melhor opinião está lá. São os meus amigos que têm as melhores opiniões, mesmo quando não têm as melhores opiniões. Exactamente por isso é que são meus amigos.
No primeiro dia em que o jornal saiu, um amigo meu, então já na casa dos oitenta, assegurava-me: "finalmente temos um jornal diário decente". O decreto era creditado pela sua longa vida profissional. Foi jornalista, em França, durante o período da guerra. Trabalhava para uma das principais agências noticiosas da pátria de De Gaulle. Chamava-se José Abreu. Era um prazer conversar com ele. Recordo-o neste dia em que o jornal que o acompanhava diariamente comemora mais um feliz aniversário. A ele com saudade. Ao Público com esperança.