sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Pelo amor de Deus


Benazir Bhutto, líder da oposição paquistanesa, foi vítima de um ataque à bomba, durante um comício na cidade de Rawalpindi. Um dos seus objectivos políticos era a pacificação do seu país sem o recurso exclusivo à religião. O fundamentalismo religioso não achou grande graça à rejeição do totalitarismo islâmico. Mais uma vítima da fé. E ainda há quem diga que é a falta de fé o maior drama da humanidade.

11 comentários:

Anónimo disse...

A falta de fé é o maior drama da humanidade, principalmente daqueles que a deturpam, que a poluem em radicalismos bárbaros e criminosos.
Benazir Bhutto morreu por causa desse confronto. Como disse Nuno Rogeiro: "era uma morte anunciada!"
Mas será de registar a posição de quem no ocidente, ideologicamente, ainda defende essas organizações e desculpa os seus procedimentos. Não vou citar nomes.

Anónimo disse...

Quanto às questões de fé? É errado e básico reduzir-mo-nos apenas a isso. Antes de 1947 a Liga Muçulmana da Índia, reivindicava o facto de os hindus dominarem maioritariamente o país. Mas pior do que isso, de dominarem a economia, o comércio e a industria. Como se vê o problema é sempre político e económico, baseado no domínio desse poder ou da falta dele. Sempre assim foi na história!
Haja sustento, e por muitas que sejam as diferenças religiosas e culturais, haverá harmonia! Quando a questão social tem contornos religiosos aí está encontrado o símbolo do conflito.
Não é uma questão de fé...é uma questão de pão!
Não nos reduzamos tão basicamente em esteriótipos simplistas.

José Teófilo Duarte disse...

A falta de fé não é o maior drama da humanidade. Já que ouviu Nuno Rogeiro, decerto também o ouviu dizer que este assassinato foi por motivos religiosos. Ou no momento em que ele o disse foi buscar um copinho de leite morno à cozinha? A falta de sustento é que é o maior drama da humanidade. A fé serve para fomentar esclarecimentos pouco razoáveis. Todas as formas de fundamentalismos são lamentáveis. Especialmente as que elegem o mito para justificar a existência. O problema é sempre político e económico, estamos de acordo. As religiões não pensam noutra coisa. Quanto ao errado e básico das minhas opções... é mais uma demonstração de intolerância. Considera-se muito esclarecido. Também eu poderia citar bastante literatura sobre o assunto. É matéria que me interessa. Farei isso um dia destes. Não sei se leu o artigo de José Manuel Fernandes, no Público, sobre o aumento do número de ateus "básicos e ignorantes" no país da intolerãncia religiosa no Poder. Antes de chamar básico a alguém, é bem melhor que limpe o espelho, para ter a certeza de que não está lá reflectido. Boa noite.

Anónimo disse...

A religião é apenas uma capa para encobrir as demandas económicas. Mas é uma boa capa a que nada escapa.

Anónimo disse...

Carlos Esperança no Diário Ateísta:

Extremistas hindus atacam cristãos

Extremistas hindus atacam cristãos e queimam igrejas na véspera de Natal.
Com a mesma clareza com que denuncio as interferências políticas e o proselitismo do Vaticano, a infiltração e influência dos protestantes evangélicos na Administração dos EUA, a exegese reaccionária do cristianismo ortodoxo ou o demente fascismo islâmico dos suicidas assassinos, também repudio com firmeza a intolerância hindu para com os cristãos.
Parece que o racionalismo e o iluminismo foram esquecidos, que à secularização que enfraqueceu o espírito prosélito e a justiça eclesiástica sucede, de novo, uma ânsia de impor um só Deus a todos os homens e eliminar os que o não aceitem. É a exaltação da fé pelos que não toleram a liberdade. É a exacerbação da violência em nome de Deus.
Estamos a assistir ao agravar dos radicalismos religiosos e, em vez de se pugnar por um laicismo profiláctico, beatos de todos os quadrantes defendem maior influência das suas religiões na esfera pública. É o regresso à Idade Média em que havia indulgências para quem convertesse os outros, a bem ou a mal.
É este erro fatal que leva à limpeza da fé e ao totalitarismo religioso de acordo com a geopolítica. O Islão, que já foi tolerante no fim do primeiro milénio da era actual, há muito que entrou na paranóia prosélita que dilacera o mundo.
Dos EUA os protestantes evangélicos aguardam a vinda do novo Messias e envolvem-se em cruzadas de sabor medieval. Do Vaticano saem instruções para evangelizar os outros e convertê-los à religião verdadeira – a do Papa.
Só faltavam os hindus a queimar igrejas e a perseguir cristãos. Em nome do pluralismo e da liberdade religiosa temos de exigir aos estados civilizados que a natureza religiosa dos crimes seja um factor de agravamento de pena.
A Humanidade precisa de paz e o pluralismo é condição indispensável. À semelhança do que acontece na política, onde a pluralidade partidária é uma exigência democrática, também as religiões se deverão submeter às normas que impeçam o totalitarismo que as devora.

www.ateismo.net

Anónimo disse...

Senhor José Teófilo Duarte, eu não chamei básico a ninguém, apenas referi que o termo é básico e simplista, porque aflora a questão de forma superficial, se a formos observar apenas na vertente religiosa, neste caso e em muitos outros (estou a lembrar-me do conflito da Irlanda por exemplo, entre muitos outros).
Mas que raio, neste blogue fica tudo melindrado com o contraditório? Ou os chavões ideológicos estão tão entranhados que se partem ao mínimo abalo?
E depois o intolerante sou eu?
E já agora o facto do Nuno Rogeiro ter dito que ela foi assasssinada por motivos religiosos não quer dizer que concorde com ele neste aspecto nem o que disse seja lei! Mas tudo bem, qual é o problema? E depois a questão do copinho de leite significa o quê? Outro rótulo?
Realmente...

José Teófilo Duarte disse...

Claro que aceito o contraditório. A minha reacção em nada o nega. Se falei em Rogeiro foi porque o senhor também o fez. Já deve ter reparado que não somos só nós - eu e Rogeiro - a ter esta opinião. Basta ler a imprensa nacional e mundial.
O copinho de leite foi só para dar cor ao discurso. Incomoda-o o contraditório com uma pitada de humor? Os blogues são um teste a isso mesmo. Pacheco Pereira, tem hoje, no Público, um excelente texto sobre esta nova experiência de comunicação.

Claro que o problema é sempre político e económico. A diferença entre nós, meu caro deus, é que eu integro a religião nos bastidores desse teatro. E, muito sinceramente, penso que é a religião que a política usa para papel de "rapaz do filme". Os dirigentes religiosos, que muitas vezes acumulam papéis na política, não se incomodam nada com isso. Entre mim e si, meu caro deus, há ainda outra diferença. É que a Política, a Economia, a Ciência, a História e a Arte, fazem-me gostar de cá andar. A religião não me acrescenta nada. O elogio do mito não me comove. Com não sou o único a pensar assim, sinto-me bem. Tenho padrões morais, respeito os outros, trabalho, pago impostos, sou solidário, tudo como qualquer cidadão. Tudo isto sem precisar de adorar não sei o quê, por que alguém disse que era sagrado e definidor das regras de vida. Por isso mesmo não aceito como definitivas as palavras do cardeal Policarpo. E, já agora, não é por haver ideologia que há intolerância. Esse é outro sedativo usado pelos religiosos. E não têm muito que se queixar da terapia.

Meu caro: não tenho o hábito de falar com anónimos. Poderia não ser o caso se eu fosse crente e o senhor fosse de facto quem assina. Aí tería sido um prazer e uma honra. Mas, voltando à realidade, também não me incomodou este diálogo. O seus argumentos são civilizados. Limitei-me a discordar. Perdoe-me, se encarou como uma ofensa o tom irónico. Mas isso, numa conversa blogosférica, que vale o que vale, não me parece nada excessivo.
Foi um privilégio manter esta conversa consigo, acredite.
Volte quando quiser

Anónimo disse...

Obrigado JTD!
Até que enfim que compreende "DEUS"!
Mas não julgue o fenómeno religioso apenas pelas suas franjas e pelos seus deturpadores. A história da humanidade é suficientemente longa para conter essas vertentes, mas isso não define a essência.
O que me levou a discordar foi simplesmente o facto de se querer interiorizar muitas das vezes e nos mais diversos cenários, certos rótulos, entre eles o religioso. Perfeitamente errado se nos cingirmos apenas a isso!
Assim também o é na Irlanda do norte, por exemplo, quando a realidade é política. Assim o foi na Polónia com o Papa João Paulo II. Assim o foi em Timor! Assim o é em muitos lados.
Haja pão e sustento e haverá concordia, mesmo entre aqueles que se definem religiosamente diferentes!
Sabe JTD, também Cristo o percebeu no Sermão da Montanha: antes de falar ao espírito de cada uma das pessoas, distribuiu e multiplicou o pão dando de comer a todos os que estavam junto Dele! Primeiro deu-lhes de comer e depois é que falou.
Se a humanidade entende-se isso e os ateus também?

José Teófilo Duarte disse...

Pois, mas como deve calcular, eu não tenho que entender Cristo. Se fez tantos milagres - o da cegueira, por exemplo - qual a razão de a não ter irradicado da Humanidade? Para mim, Cristo não passa de uma figura alimentada pelo mito. Havia mais para discutir, mas não chegariamos a um porto de convivência. Há um livro muito esclarecedor, das duas partes, editado pela Casa das Letras: "Deus e a Fé, Razões do Crente e do não Crente", que estabelece um diálogo entre J. I. González Faus e Ignazio Sotelo, que poderia ser um bom guião para uma conversa mais aprofundada entre nós. Mas já há o livro. Está lá muito do que aqui se poderia abordar. E eu já avancei para outras procuras de outros conhecimentos da fé.
Não, não compreendo Deus. Tolero o seu reconhecimento enquanto os que o reconhecem me tolerarem, como penso ser o seu caso. Mas não alinho nas metáforas da multiplicação protagonizadas por Jesus, nem em outras ilusões sem registos de testemunhos factuais. Ainda por cima quando encaradas como factos. Essa não.
Despeço-me respeitosamente.
Obrigado pela sua participação.

Anónimo disse...

Como dizia Fernando Pessoa: "Há razões que a razão desconhece".

José Teófilo Duarte disse...

Fernando Pessoa também disse:

Eu tenho idéias e razões,
Conheço a cor dos argumentos
E nunca chego aos corações.

Bom ano para si.