terça-feira, 12 de junho de 2007
Crítica da razão pura
Os comentários ao post de ontem, sobre a condecoração do senhor bispo Manuel Martins, azedaram.
A discussão azeda sempre que mete padres, bispos ou outros membros do pastoreio.
Há pessoal que parte para o debate munido de toda a emoção possível, logo, a discussão fica viciada. Os princípios morais de cada um são pouco discutíveis. Moral como forma superior de afirmação não existe. A moralidade é transversal a todas as formas de estar. Religiosos ou não, têm as suas formas de moderar uma actuação perante a vida e os outros. O problema destes debates é a necessidade de se acrescentar superioridade devido a uma crença. Católicos, protestantes e todo o tipo de seita partem deste pressuposto para nos assegurarem que "a" verdade está nas suas premissas.Também as edições Avante publicaram, em tempos, um livro de Álvaro Cunhal intitulado precisamente
"A Superioridade Moral dos Comunistas". Confesso que sempre achei aquilo intelectualmente pouco rigoroso. O então líder do PCP tentava mostrar que a bondade dos ideais comunistas permite uma atitude de superioridade perante os outros, os agnósticos da fé comunista.
A razão que garantem possuir não lhes permite grandes devaneios nem cedências. Ora, é a emoção que os ilumina e dita as regras.
A emotividade torna-se perigosa quando levada a extremos que a elegem como "o" bem a atingir. Por tudo isto não reconheço nem na fé católica, nem nas certezas comunistas, princípios superiores aos meus.
É frequente ver uns e outros assegurarem com toda a convicção: "sabemos que temos razão".
Pois eu não acho. E, podem crer, tenho razões de sobra para defender esta minha razão, graças à liberdade e à democracia.
Pintura de Jorge Pinheiro