segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Tanto dá até que fura

Dei pela coisa lendo a crónica semanal de Pedro Rolo Duarte, no DN. Pasmei. Apesar de muito do que por aí se vê não nos dê motivos para tanto, mas pasmei. Ainda me causam perplexidade estes episódios: é suposto haverem áreas onde a seriedade impere. A história é simples e conta-se de uma penada. Uma senhora da "sociedade cor-de-rosa" resolve ver-se livre do marido. Parece que leva aquilo mesmo a sério e o homem é morto. O enleio é descoberto e a senhora é presa.
José Castelo Branco (criatura sempre disponível para ter pena dos outros, desde que isso lhe dê visibilidade) foi visitar a presumível homicida. O horário normal da visita tinha terminado. Mas, o por certo caríssimo relógio de Branco, não marca as horas como os nossos, comuns mortais. Pois bem, nada de impedimentos. Os calabouços abriram-se em ambiente de grande acontecimento. Houve entrevista, fizeram-se fotografias, tudo vendido à imprensa do coração (nunca percebi a relação destes pasquins com a Cardiologia, mas enfim). Para a espalhafatosa criatura, estaremos perante a mais serena normalidade. Mas as autoridades prisionais, não têm nada a dizer? Nem a responder? O que falta acontecer ainda?
Aqui há uns anos, debatia-se o estado em que estávamos e a que nível chegaríamos. Falava-se na preocupação de batermos no fundo. Havia mesmo quem dissesse que já tínhamos batido. Agora, já todos percebemos que batemos. E com tanta insistência que até já furou. Provavelmente já estamos num buraco. Esperemos que não seja sem fundo.