...que o Estado algum dia iria assumir o seu papel social de apoio às mulheres e famílias sem recursos; se eu acreditasse que as associações de "defesa da vida" (que aparecem quando se anunciam debates e desaparecem no dia a seguir aos referendos) iam cumprir o que prometem sobre solidariedade e promoção de uma "cultura de responsabilidade e de respeito pelo valor da vida"; se eu acreditasse que, fora do período de propaganda eleitoral, alguém neste país trabalhasse "na criação de condições para que todas as mulheres que engravidam possam ter verdadeiras alternativas de vida e não façam escolhas de morte", como leio num desses manifestos; se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do Estado, e da conversa moralista das tais associações criadas por encomenda; se eu acreditasse, enfim, na bondade intrínseca das instituições, e no cumprimento dos deveres mínimos do Estado; se eu...
O Pedro Rolo Duarte escreveu isto no DN de hoje. Eu diria o mesmo. Mas ele já o disse tão bem, que não me atrevo a acrescentar nem uma vírgula. Leiam-no, se puderem.