O país já esqueceu Setúbal. O despedimento de Carlos de Sousa e a nomeação de Dores Meira já não fazem notícia.
Tentei esclarecer ontem, na sessão da Assembleia Municipal, as ofensas que a presidente da Câmara contra mim arremessou, em sessão anterior.
O meu terrífico crime é não estar de acordo com a ideia bacoca de se andar à cata de padrinhos frustes para as escolas do concelho, e, pasme-se, atrever-me, como membro de uma associação de pais, a revelar publicamente opinião sobre o assunto.
A presidente da Cãmara fala sempre em tom de desafio. Começa por revelar a minha ignorância sobre o que está a acontecer em Setúbal. Estou enganado: o projecto não se chama padrinhos das escolas, mas sim estrutura-não-sei-quê onde se integram os padrinhos das escolas. O esclarecimento foi oportuno, confesso. Como pude viver até hoje nesta ignorância? Fiquei também a saber que cantores de feira são a grande novidade primavera/verão nas escolas da cidade. "Os Anjos", por exemplo, estão entusiasmados com os petizes setubalenses. Quanto ao resto, não percebi o que me vai acontecer. Estarei ilibado do hediondo crime? A senhora fica furiosa quando o alvo da fúria não está na sala: insulta, insinua, ameaça até com idas a tribunal. Perante o réu, a tempestade acalma.
Mas, a ameaça paira sempre no discurso da autarca: os artistas/padrinhos não vão gostar de saber o que penso do projecto, diz. Teme-se o pior. Pelo sim, pelo não vou encaminhar-me para Lisboa logo de manhâzinha.
Setúbal está mal entregue, é certo. Mas para este carnaval eu não me vou mascarar mais. Volto à noite, para dormir.
De noite, todos os gatos são pardos.