segunda-feira, 20 de novembro de 2006
A Estação de Correios da Rua Dupin
Foi este o título que Marguerite Duras e François Miterrand escolheram para encapar o livro que revela conversas entre ambos, decorridas durante o segundo mandato do então Presidente de França. A ideia vem dos tempos em que ambos resistiam. Aquela rua foi importante para a aproximação entre estas duas figuras da política e da literatura.
Os editores portugueses utilizam, como frase promocional, uma opinião publicada no Libération: "Digam adeus à esquerda e à literatura. Bem-vindos ao mundo das pessoas vulgares". Não se fala de outra coisa ao longo das quase cento e trinta páginas de diálogo. Mas há razão para esta opinião: é um taco-a-taco entre pessoas que falam abertamente dos seus problemas, mas também dos males dos outros. Das grandes chatices da humanidade e das preocupações com o bem-estar dos filhos. Uma frase, de Duras, misturada na normalidade da conversa:
"A beleza é como a felicidade, tememos pela sua fraqueza".
É a percepção das pequenas coisas que nos desperta para a complicada realidade. Será a vulgaridade uma ameaça? Não, se a sua gestão for exigente. Bem-vindos, portanto, ao mundo das pessoas vulgares.
Pois então.
JTD
Marguerite Duras, François Miterrand
A Estação de Correios da Rua Dupin
Edição Casa das Letras