terça-feira, 31 de outubro de 2006

Prós e contras

A discussão sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez não é uma simples discussão de ideias. Estamos inchados de conhecer os argumentos de uns e de outros. Parece verosímil que a aprovação por substantiva parte de dirigentes nacionais tem a ver com a falta de paciência de quem influencia no continente europeu. Não há pachorra para este cantinho de irredutíveis que insistem em deixar tudo como está. Há que mudar o que não faz sentido numa sociedade moderna e civilizada.
Não é o discurso politicamente básico do médico Gentil, mesmo munido do diploma de licenciatura, que nos vem esclarecer sobre o caminho a tomar. Nem a recentemente convertida aos bens das sociedades conservadoras e respeitadoras da moral e bons costumes cristãos, Zita Seabra. Mudar de opinião nunca fez mal a ninguém. É justo dar a mão à palmatória e reconhecer um erro. Mas ver a monja Zita fazer o pino para arrasar o que anos atrás defendeu com tanta convicção, causa alguma estranheza. Quando no partido que a acolheu, já não é segura a negação da justeza do que está em causa, vem esta senhora, qual porta-estandarte por ofício, assegurar que não se deve mexer no que está. Depois de tanta luta, esta revolucionária acabou por não perceber o quanto é hipócrita castigar quem já se sente tão culpado. Zita Seabra tem um intenso rol de serviços como agitadora de bandeiras. No PCP e na editora por onde passou, sempre içou esvoaçantes e bem visíveis estandartes. É preciso dar nas vistas para existir, defenderá. Mas, acima de tudo, parece que quer estar permanentemente zangada. Esta azeda criatura foi uma das escolhidas pelos irredutíveis aldeões, deste cantinho no fim da península, para sua porta-voz. E ela lá vai arranjando barricadas para as suas novas revoluções.
JTD