domingo, 28 de maio de 2006
O rei dos anéis
Estreia hoje o mais ambicioso projecto operático em Portugal.
Wagner partiu a obra em quatro partes. "O Anel do Nibelungo" representa um dos mais marcantes trabalhos do compositor.
Hoje pisará as tábuas a primeira: "O ouro do Reno". As outras estão prometidas para as próximas temporadas.
Anões malvados, donzelas à beira de ataques de nervos, deuses interesseiros, poções mágicas, enfim um emaranhado de peripécias que fazem do "Anel" um tratado rico em simbolismo literário e musical. Drama épico? Conto melodramático? Um espectáculo soberbo, merecedor de visionamento, ou pelo menos audição, antes que o fim dos dias nos ceife.
Paolo Pinamonti, justo director do S. Carlos, teve a ousadia de permitir que Graham Vick, encenador, virasse o "seu" teatro do avesso. Palco transformado em plateia, plateia empurrada para o palco, uma doidice que adicionada aos esperados excelentes desempenhos, nos relembram a definição de Pessoa: "A Arte tem mais valia porque nos tira daqui".
É nesta loucura que Lisboa vai mergulhar hoje a partir do fim da tarde.
Vou lá estar. Há dias em que nos sentimos bafejados por uma nesga de sorte. Hoje é um desses dias.
JTD