terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Favores

O que me incomoda na aprovação de Cavaco é a ideia de recompensa.
Oferece-se a ideia de que o homem deve ir para Belém porque foi um estadista do melhor.
É-nos também transmitido um certo sentimento de espírito de missão, como se nos fosse salvar de uma catástrofe.
A salvação que nos apregoam, dizem-na possível, devido a essa larga experiência como primeiro-ministro, no tempo em que jorravam as torneiras dos tonéis europeus. Percebemos então o intenso trabalho que herdámos ao olharmos para o estado em que ficou o país.
As torneiras encheram as pipas dos espertos de sempre - "Dançam a ronda no pinhal do rei".
O país continua na cauda de tudo o que parece insistir em existir. Nada alterou a inexistência nacional.
Devemos então a Cavaco o quê?
Pessoalmente, não estou interessado em pagar-lhe os favores que fez aos meus compatriotas, com automóveis "todo-o-terreno" e territórios comparticipados.
Tirei bilhete para outro campeonato. É nesse estádio que vou estar dia 22, com a percepção pouco auspiciosa de que nem sempre ganha o melhor.
Mas faremos por isso.
JTD