domingo, 11 de dezembro de 2005

O silêncio como virtude

Estar calado parece reunir um número cada vez maior de entusiastas mentores.
Cavaco está radiante com a fórmula escolhida para os chamados debates entre candidatos à presidência.
Como não tem que estar preocupado com o adversário, responde o que lhe apetece, ou não responde mesmo, se isso lhe der mais jeito.
Lobo Xavier, na quadratura do círculo, na SIC-N, defendeu que a retórica não tem importância nenhuma numa campanha para a Presidência da República.
Raquel Alexandra, editora de política da SIC, considerou prova de inteligência a não resposta de Cavaco a uma pergunta sobre a união entre homossexuais, no encontro que o candidato autómato teve com Louçã, na TVI.
Rui Marques, alto comissário para a imigração, preferiu não comentar o caso das imigrantes fechadas num contentor em condições desumanas.
Tinha a ideia de que para qualquer destas actividades, em democracia, a utilização da expressão falada era fundamental. Afinal estava enganado.
A partir de agora é possível assistir a um debate televisivo em que os comentadores só comentam o que querem.
É normal um entrevistado não responder, inteligentemente, a uma pergunta de um jornalista.
E é absolutamente aceitável que um alto responsável político não responda por algo que diga respeito directamente à sua actividade.
Posso fazer só uma pergunta? Uma só. Respondem se quiserem: E a remuneração que vos pagam?
Recebem-na pelo pouco que dizem ou para ficarem calados?
JTD