quinta-feira, 21 de abril de 2005

Al Berto



eras novo ainda
mal sabia reconhecer os teus própios erros
e o uso violento que de noite eu fazia deles

esta cama de minerais acesos
escrevo para despertar a fera de sol pelo corpo
escorrem aves de cuspo para a adolescência da boca
e junto ao mar existe ainda aquele lugar perdido
onde a memória te imobilizou

enumero as casas abandonadas ao sangue dos répteis
surpreendo-te quando me surpreendes
pela janela espio a paisagem destruída
e o coração triste dos pássaros treme

quando escrevo mar
o mar todo entra pela janela
onde debruço a noite do rosto tocado...me despeço

Al Berto