sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Portinari | José Afonso


A Drummond de Andrade
(Com a devida vénia)

Velho Drummond se te tivera
junto de mim a esta hora
em que o silêncio é uma ordem
e a solidão longa espera
Tu me prestaras teu verbo
ou tua mão estendida
cheia dessa humanidade
que alguma vez pressentira
se alguma vez a estendera
como agora

Lembrar-te Drummond amigo
num território macabro
È como levares contigo
um filho desnaturado

Poema de José Afonso (Escrito na prisão de Caxias)
Pintura de Portinari