sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Maré alta


Aqui há uns tempos, Santana Lopes resolveu meditar sobre a Cultura. Dotado do seu parco conhecimento mas ambiciosa demonstração de vaidades, lá se pôs a escrever. Desse esforço solitário saiu um inenarrável caderno, incluindo na capa uma fotografia do autor com Frank Gehry, como se o famoso arquitecto fosse um dos mais proeminentes construtores de Lisboa. Este desastroso "documento" foi apresentado, com pompa e a devida circunstância, pela escritora Agustina Bessa-Luis, que na ocasião disse que Santana era "um homem de todos os tempos, faça chuva ou faça sol".
De maneira que, quando vejo os cartazes da campanha do PSD com a frase "Contra ventos e marés", calculo que seja inspirada na intervenção da escritora. Só que, pensando melhor, isto não faz sentido: um homem de todos os tempos também se devia adaptar aos ventos e marés, resultantes dos Elementos que ele tão bem conhece.
O problema é que o vento não lhe está de feição. O melhor mesmo, é que no próximo dia vinte de Fevereiro, vá com a maré, para que um pouco de sol banhe a política em Portugal.
JTD