quarta-feira, 29 de dezembro de 2004
Respirar
No seu mais recente livro, Susan Sontag faz um retrato da América. Usando a vida de uma mulher em transformação, traça a constante inquietação do ser humano. Na ilusão do teatro e na derrocada dos idealismos redutores, encontra a forma mais encantadora de nos contar uma história que é de amor, mas nas suas variadas contradições. Histórias diferentes de uma mulher diferente que ontem nos deixou. Lá pelo meio do livro encontrei este bocadinho que achei interessante pôr aqui:
"A utopia não é um tipo de lugar mas um tipo de tempo, aqueles mais do que breves momentos em que não queríamos estar em qualquer outro lugar. Haverá um instinto, algum antiquíssimo instinto, de respirar em uníssono? A utopia afinal, essa. Na raiz do desejo de união sexual está o desejo de respirar mais profundamente, mais profundo ainda, mais rápido... mas sempre em conjunto."
Susan Sontag NA AMÉRICA. Gótica. Na capa "As mãos de Helen Freeman" em fotografia de Alfred Stieglitz
JTD