quarta-feira, 17 de novembro de 2004

Já não há surpresas

Missão Cumprida na RTP
Primeiro veio fonte do Governo, ao abrigo do anonimato, no "Expresso", dizer que José Rodrigues dos Santos estava sob avaliação e admitir mexidas na direcção da RTP. O director de informação da RTP assobiou para o lado.
Depois veio o ministro Morais Sarmento defender "limites à independência" nos operadores públicos, acentuando que não são as direcções nem as administrações que respondem perante o povo nas eleições. O director de informação da RTP voltou a assobiar para o lado.
Agora veio a administração do canal público decidir que jornalista é que devia ocupar o lugar de correspondente em Madrid. Aqui o director de informação não podia assobiar para o lado, porque, a seguir, a administração iria decidir por ele qual o jornalista que deveria cobrir o assunto "x" ou "y", ou dizer qual a notícia que deveria abir o telejornal.
Rodrigues dos Santos não se demitiu, foi demitido, porque nenhum director de informação pode aceitar que seja a administração a decidir questões que dizem única e exclusivamente respeito à área editorial. Os administradores sabiam-no e não cederam porque queriam que Rodrigues dos Santos saísse. A avaliação de que falava o membro do Governo há muito que estava feita.
Surpresa? Nenhuma. A saída de Rodrigues dos Santos faz parte da anunciada estratégia de controlo da comunicação social por parte do Governo e que já deu vários passos.
A TVI do amigo Paes do Amaral está parcialmente tratada; o "Diário Notícias" já está controlado; na RTP o assunto acabou de ficar resolvido. Segue-se o "Jornal de Notícias", a TSF e a imprensa regional do grupo PT, que se não entrarem na linha por iniciativa própria as administrações tratam do assunto, como aconteceu agora na RTP e já tinha acontecido no "DN".
E tudo isto tem de ficar concluído com alguma rapidez. É que Santana Lopes quer ficar mais dez anos no poder e, por isso, tem de resolver estas questões até 2006, ano em que há eleições presidenciais e legislativas.
Luciano Alvarez
PÚBLICO