Este poema, dedicou Natália Correia a um extremoso deputado da direita, defensor de que o acto sexual deveria ter como única função a procriação.
Tantos anos decorridos, atrevo-me a dedicá-lo (Natália que me perdoe), ao zeloso enfermeiro que denunciou, devido ao crime de aborto, a rapariga hoje absolvida em tribunal. Que o Senhor esteja com ele, porque nós não, muito obrigado. RR
Já que o coito diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca,
sendo só pai de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! uma vez.
E se a função faz o órgão - diz o ditado
- consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado
Natalia Correia