terça-feira, 9 de novembro de 2004
António Lobo Antunes
Já lá vão 25 anos a escrever livros. É obra. É obra e da boa, esta que nos fornece este Lobo Antunes.
O escritor estendeu-se hoje nas páginas do PÚBLICO, numa entrevista que é literatura. Fala da vida e da morte. Da lealdade e da intriga. Dos amigos e dos que o parecem. Uma notável conversa com Adelino Gomes. Um compartilhar de ideias, feitas na saborosa massa com que se fazem as coisas simples da vida.
"a frase mais importante que eu ouvi na minha vida foi na Faculdade de Medicina, numa aula de Neurologia com o professor Miller Guerra. A doente era uma senhora com Parkinson, com dificuldade em mover-se. "Como é que a senhora consegue fazer a lida da casa?", perguntou-lhe o professor. "É tudo a poder de lágrimas e ais". Eu tinha 20 anos e nunca mais esqueci. Se eu pudesse escrever assim!... As grandes lições da minha vida não foram dadas pelas pessoas do meio onde nasci. Foram-me dadas pelas pessoas que vivam a poder de lágrimas e de ais. Quando estava no hospital, dava-me muito melhor com os serventes, os operários. Julgo que herdei isto do meu pai. Porque os admirava, porque os respeitava. E tenho muitos amigos assim. Se tenho um problema no carro, num cano, ou não sei quê, tenho logo amigos que vêm.
António Lobo Antunes vai ser festejado no São Luiz, hoje, a partir do fim da tarde. Será lançado o novo livro: "Eu hei-de amar uma pedra". Titulo que já deu nome a uma canção do seu amigo Vitorino, que cantará. Enfim, as homenagens nunca são perfeitas...
Lá estaremos.
JTD