segunda-feira, 14 de junho de 2004

The end

O filme chegou ao fim. Este FESTROIA correu o pano. Para o ano há mais, provavelmente. Assim o queiram os apoiantes.
A fita que arrecadou o golfinho mais valioso foi "Bom Dia monsieur Shlomi" do israelita Shemi Zarhin. Merecida vitória, apesar de o meu favorito ser "O Estado do Tempo" do polaco Jerzy Stuhr. Mas, assim como assim, gostei dos dois. Aliás houve muito bom cinema neste FESTROIA. Também houve mau, mas enfim...
"Bom Dia monsieur Shlomi" é um hino ao entendimento entre os seres humanos. Uma homenagem às pessoas aparentemente vulgares. O argumento de Shemi Zarhin revela-nos uma boa ideia de cinema: Um jovem negligenciado é descoberto por um professor que não descansa enquanto não o releva para um plano superior entre os seus pares. O rapaz tem qualidades e vai delas dando conta gradualmente. Usa os seus cozinhados (onde é um mestre) para unir os desavindos. A cozinha ao serviço da paz e do amor. A cozinha aliada à inteligência, bem entendido. E como nós sabemos como essa coligação funciona bem. Um bom filme, apenas com um senão, na minha opinião: A deficiente fotografia. Mal dos poucos recursos, talvez.

Não vale a pena falar da cerimónia em si, pois não? Ai vale? É que tudo aquilo me parece tão manhoso que é melhor esquecer. A pepineira suburbana no seu melhor. Os políticos locais em "traje de luces" dando prémios a artistas com chinelos de enfiar no dedo. Claro, estamos em Setúbal. É Verão. Para quê tirar os pirosos fatos da naftalina? Não os vimos em nenhuma projecção. Apareceram para o social. Pobre gente e pobre social.
O presidente da Câmara e a vereadora da cultura, saíram a grande velocidade do Forum Luisa Todi, logo após a entrega dos prémios. Era preciso ir para o desfile das inenarráveis marchas populares. As marchas em Setúbal constituem um lamentável espectáculo ao estilo latino-americano. Até parece que estamos numa aldeia mexicana, sem ofensa. Mas talvez estejam mais consentâneas com as preocupações culturais dos dirigentes autárquicos.
Nós vamos continuar a ver cinema, não é verdade? E quanto ao FESTROIA, até para a ano.

JTD