Em Portugal, um notável é, como se sabe, alguém que, em certa altura da vida, exerceu o direito aos seus quinze minutos de glória televisiva, o que pode acontecer tanto por ter descoberto o caminho marítimo para a Índia como por ter andado, em qualquer concurso, aos pontapés aos restantes concorrentes. Aparecer em festas de "sociedade", ocupar um cargo político, por irrelevante que seja, ou ser acusado de um crime infame ( ou ser advogado de alguém acusado de um crime infame) são também, entre muitas mais, vias apropriadas para aceder à notabilidade.
De tal modo que ser não-notável se tornou uma raridade, acessível apenas a gente sofisticada.
Manuel António Pina, Visão.