quarta-feira, 30 de novembro de 2005

2 anos


E pronto: completamos hoje dois anos de existência.
Já estamos em festa.
as comemorações começaram no Fidalgo à volta de um cozido à portuguesa. Depois foram uma série de afazeres profissionais que nos deslocaram de um lado para o outro durante todo o dia. Só agora tivemos algum tempo para vir dar fé desta efeméride.
Muito obrigado por nos irem visitando e até já.

David Hockney Imagem

Vieira da Silva | António Gedeão



Amostra sem valor

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão Texto
Vieira da Silva Imagem

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Estuário na blogosfera

Um novo colega nasceu hoje. É a voz de uma editora e divulgará trabalhos de autores por ali publicados.
O primeiro evento divulgado é o lançamento de um livro de Carlos Rodrigues - Manuel Bola.
Vão até lá - Estuário publicações

domingo, 27 de novembro de 2005

Santana articulista

Santana ainda não percebeu que não pertence a este filme. Tenta a todo o custo conquistar a tela. Insiste no argumente de que é o melhor actor para protagonista. Fá-lo sem vergonha. Não respeita nada, nem ninguém. É ridículo. Como ridícula é a cobertura dada por um jornal tão influente como o "Espresso". Com direito a primeira página e tudo.
Sobre isto, vale a pena ler o Luis no Abnegado.
Até amanhâ.
JTD

sábado, 26 de novembro de 2005

Bom fim-de-semana



Auguste Rodin Eternal Spring, 1884

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

A sexualidade dos católicos

O Papa está preocupado com a homossexualidade dos seus padres. Daí a proibição do acesso aos seminários deste género sexual. A razão de tal medida prende-se com as práticas pedófilas de padres nos Estados Unidos, partindo do princípio, perfeitamente troglodita, de que pedófilo é homossexual. Ora se a sexualidade é interdita a seminaristas, porquê esta obsessão com os homossexuais? Claro que é assunto que não prende muito do meu tempo. Nem a Igreja e os seus padres têm que estar preocupados com opiniões como a minha, já que eu me estou nas tintas para as deles, mas por mera curiosidade, juro que gostava de saber como é que vão fazer para impedir tal acesso. Como é que se percebe que alguém é homossexual? Com análises clínicas? Será que se nota logo na urina?
JTD

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Mais um aniversário

Completamos no próximo dia 30, dois anos. As horas que dedicámos a este exercício deram-nos gratas manifestações de apreço, mas também discordantes agressões. Vivemo-las com a mesma vontade de ouvir e de participar. Gostamos, acima de tudo, de opiniões. O que tentamos fazer aqui é precisamente isso: opinar sem complexos. Em principio vamos continuar. E, está claro, dia 30 há festa rija.
JTD

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Nikias Skapinakis


Skapinakis expõe pintura recente na galeria Cristina Guerra. Um pintor com um percurso interessante em exposição que mostra as várias etapas de uma evolução em todas as suas vertentes. Montagem excelente.
O espaço da galeria permite sempre uma agradável visita.
A galeria Cristina Guerra fica na Rua de Santo António, 33, em Lisboa
JTD

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Isto está a aquecer

Cavaco já voltou do Brasil.
Vamos lá a ver se ele nos diz onde publicou as tais opiniões sobre tudo e todos.
É bom haver um candidato assim, com preocupações sociais e culturais.
RR

domingo, 20 de novembro de 2005

Dar cavaco

Cavaco está no Brasil. Em declarações a jornalistas do país do samba, declarou que como ele nenhum outro candidato opinou tanto sobre todos os assuntos que atormentam a nação. É verdade, disse-o com todo o à-vontade deste mundo. Se calhar no Brasil não é conhecida a propensão para a pacatez retórica do candidato presidencial. Houvesse por aquelas bandas bolo-rei e talvez se tivesse evitado tanto palavreado.
JTD

sábado, 19 de novembro de 2005

Bom fim-de-semana


Carlos Carreiro Imagem

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

William Turner | Fernando Pessoa


As nuvens são sombrias
Mas, nos lados do sul,
Um bocado do céu
É tristemente azul.
Assim, no pensamento,
Sem haver solução,
Há um bocado que lembra
Que existe o coração.

E esse bocado é que é
A verdade que está
A ser beleza eterna
Para além do que há.

Fernando Pessoa Texto
William Turner Imagem

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Jean-Paul Riopelle | Al Berto



As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada

Al Berto Texto
Jean-Paul Riopelle Imagem

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Saramago 83


José Saramago completa hoje 83 anos de vida.
Há dias lançou, no Teatro Nacional de São Carlos, o seu mais recente livro - "As Intermitências da Morte". Casa cheia e interessante apresentação que contou com a presença dos editores responsáveis pelos vários idiomas em que o livro foi publicado. Também Saramago falou dos enleios das "intermitências" e das suas preocupações com o estado actual do mundo.
O livro conta a história de um país onde a morte deixou de existir, colocando a sua população perante o problema, absolutamente desesperante, da eternidade. A morte tratada de uma forma divertida, sem complexos nem dogmas.
Parabéns a José Saramago. Pelo aniversário e pela obra.
JTD

Eça agora


Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?
Eça de Queiroz em 1867.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

O criador e a criatura

Santana Lopes não gosta do monumento a Francisco Sá Carneiro que habita o Areeiro. É normal, sendo o antigo primeiro-ministro o seu inventor, calcula-se que não esteja contente com tão pobre homenagem ao seu criador político. Assim, enquanto presidente da Câmara resolveu abrir concurso público para corrigir o acidente urbanístico. O escultor responsável pela obra instalada, Soares Franco, não gostou do procedimento, levando o então presidente a recuar, ou seja, a encomendar-lhe nova peça. Como o que nasce torto tarde ou nunca se endireita, o resultado foi assim como que a emenda pior que o soneto. Das mãos e mente de Soares Franco surgiu uma obra de pendor naturalista, mal proporcionada e tão parecida com Sá Carneiro como eu com Brad Pitt.
A estátua ficou no atelier do seu autor, esperando a oportunidade de ser colocada no local para que foi criada.
Agora é o que se sabe: Uma dívida brutal ao escultor por uma obra que, felizmente, não deverá ver o trânsito da praça. Fala-se em quase 200 mil euros. Li hoje no Público que Carmona diz não conhecer o trabalho mas vai pagar. Os lisboetas preparam-se para pagar mais uma inabilidade de um seu presidente de Câmara. Enfim, santanices. Como se não bastasse a reforma que os portugueses tem que lhe estar a pagar depois da lamentável prestação no governo.
JTD

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

George Segal


FDR Memorial, Washington 1991
George Segal Imagem

domingo, 13 de novembro de 2005

Ofício de Amar

Já não necessito de ti
Tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
Tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio
De outras galáxias, e o remorso.....

.....um dia pressenti a música estelar das pedras
abandonei-me ao silencio.....
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas

ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade do meu próprio corpo.

Al Berto

sábado, 12 de novembro de 2005

Que venham muitos mais


O Abnegado completou 1 ano de vida.
É bom participar na festa de um dos blogues mais inteligentes da comunidade. Este tigre borgiano de Júlio Pomar é a nossa prenda de aniversário.
Parabéns ao Luis Sequeira.

Excesso de liberdade

A malta da fé cristã está em festa. Lisboa foi tomada por devotos. Nas rezas da praxe, o cardeal patriarca queixou-se ao todo poderoso do "cultivo desmesurado da liberdade individual". Claro que não ouvi toda a homilia, transmitida em directo pela televisão estatal, mas (vejam lá a pontaria) ao passar por ali apanhei logo com esta preciosidade. O cardeal acha que as liberdades individuais são exageradas. Longe vão os tempos em que o cardeal Cerejeira resolvia estes excessos valendo-se do cultivo intenso da sua liberdade individual com o presidente do conselho.
JTD

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

O homem desfocado


"(...) porque Cavaco simboliza aquilo que mais náuseas me provoca: a banalização de tudo, o sucesso ranhoso e vazio, o atropelo dos valores e das pessoas, o autoritarismo descabelado, a demagogia, o nacional-carreirismo e os favores, a aldrabice e a cunha, a indiferença, o elogio da pirosice, a ignorância e a escandalosa nulidade cultural, etc, etc..."

Al berto, em 1995 falou assim em entrevista a um jornal de jovens apoiantes de Jorge Sampaio. O actual mandatário nacional de Cavaco andava por aqui nessa altura. Agora resolveu apoiar o presumivel ganhador. Há gente assim.
Quanto ao meu amigo Al Berto, não acredito que a sua actual opinião desdissesse a acima exposta. Também há gente assim. Gente a quem a piroseira e o gosto de acomodação fácil incomodam.
Este texto do poeta Al Berto foi trazido à liça pelo nosso colega Cavaco fora de Belém. A não perder.
JTD

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Modas


A Moda há muito que está na moda. Terão sido os romanos os grandes estimuladores da Moda, enquanto os gregos puseram na moda o Saber? Uma certeza existe: nos nossos dias a Moda sempre caminhou ao nosso lado. A obsessão de estar na moda atinge, não em doses reduzidas, sintomas de paranóia.
Na nossa vida recente, e doseados de cavalares injecções da tal paranóia, esta doença às vezes perigosa, foi diagnosticada em diversos territórios da nossa vida prática.
Nos anos setenta estava na moda a classe operária. Na década de oitenta passou a estar na moda a juventude. Nos anos noventa passou a ser moda estar "in", fosse lá isso o que fosse. Agora está na moda simplesmente estar na moda. Felizmente que a Moda se democratizou, permitindo tudo estar na moda. Até a ignorância é exibida sem pejo. O que é preciso é aparecer, Estar "em cima". Ser visto. Não importa ser bem visto. Basta ser visto, ponto.
Bento XVI quer estar na moda. E então, não pode? Se está com uma idade que até parece estar "em cima"...
JTD

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Robert Mangold | Fernando Pessoa


Como um vento na floresta

Como um vento na floresta.
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.
E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento :
Sou ninguém, temo ser bom.

Fernando Pessoa Texto
Robert Mangold Imagem

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Paris já está a arder

O Estado Social está em crise. Paris está a ferro e fogo. Outras cidades de França correm perigos imensos. O problema começa a alastrar por outros países próximos.
O que falhou? Não basta permitir que os outros caminhem no nosso solo. Não é suficiente deixá-los trabalhar nas nossas empresas. O que é preciso é não deixá-los sozinhos. É preciso perceber que estes jovens são filhos do sacrifício. São oriundos de vidas difíceis sem horizontes promissores. Não existe esperança no futuro. São marginais. Rotulá-los de escumalha, como fez o ministro Nicolas Sarkozy, é uma atitude demissionária. A demissão seria a melhor atitude a tomar por este membro do governo de Chirac.
Estamos todos dentro deste mundo. Não estamos a conseguir ligar a massa neste enorme caldeirão.
JTD

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Contra a miséria

O Papa Bento só usa sapatos Prada. Diz o chefe dos católicos que os tradicionais fornecedores de vestuário para o Sumo Pontífice não correspondem aos padrões da alta costura. Aqui está alguém que não vai em miserabilismos. Não é qualquer trapinho que o ornamenta.
É verdade que Jean Paul Gautier já fez batinas e outras peças de vestuário para padres. Mas quem vejo verdadeiramente com todas as condições para agradar ao cardeal alemão é a dupla Dolce & Gabana. Já estou a ver o requintado religioso desfilando entre os seus pares, aclamado por ruidosos aplausos, disputado por estações televisivas e iluminado por incandescentes flashs. Nas legendas que correm em rodapé pode ler-se "Vaticano Fashion/Moda primavera-verão 2006/2007".
Uma eficaz acção contra a miséria no mundo das roupagens. Um Papa modelo para colocar o catolicismo na moda. Aqui fica a sugestâo.
JTD

sábado, 5 de novembro de 2005

Bom fim-de-semana


James Rosenquist Imagem

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Provedor da democracia

Manuel Alegre apresentou o seu programa de governo. Perdão, apresentou o seu manifesto de candidatura à Presidência da República. Alegre gosta de Abril. Ok, nós também. Acha que nas mulheres não existem características inferiores, em termos biológicos. É óbvio. Defende que falemos em voz alta perante os poderes europeus. Fixe. É por uma reforma das Forças Armadas - Falou em missões e dignificação. Não percebi em que moldes. Fiquei na mesma. Diz que não quer governar a partir da Presidência. Mas não parece. O candidato contra os partidos está convencido que há uma corrente de solidariedade e esperança à sua volta. É, o país não cabe em si com o entusiasmo.
Alegre não disse nada que não se esperasse. Mas disse-o como quem recita um poema. Isso foi bonito. No entanto, ainda não percebi a razão da candidatura. O defeito é meu. Nunca percebi muito bem Manuel Alegre. Talvez os meus amigos alegristas possam dar uma mãozinha no sentido de preencher esta minha lacuna. Claro que vai ser custoso.
JTD

Avenida Atlântica



Hoje faz 100 anos que a mais famosa avenida do Rio de
Janeiro começou a ser construída. Copacabana era então
um bairro distante do Centro e dos locais onde morava
boa parte da gente “bem” da cidade.

Entre 1902 e 1906 o cenário carioca foi palco de
grandes transformações urbanas na administração do
prefeito Pereira Passos, comparáveis à reforma urbana
acontecida em Paris, no século XIX, sob a direção de
Hausmann, entre 1863 e 1870.

Visando dar uma nova imagem à Cidade, Pereira Passos
realizou uma verdadeira transformação no espaço urbano
carioca. Saneou, estendeu, corrigiu e ampliou o
arruamento, inaugurou o calçamento asfáltico, demoliu
morros, criou novas avenidas e rasgou outras. Para
sanear e higienizar a cidade, canalizou rios,
arborizou diversas áreas e realizou obras de
embelezamento em diversos locais estratégicos da
cidade, criando praças e jardins, transformando o Rio
de Janeiro numa cidade moderna, condizente com os
valores das elites dirigentes da época.

Por sua vez, a Avenida Atlântica virou um símbolo da
cidade. Sofreu sucessivos aterros ao longo do tempo
para evitar as ressacas que a destruíram por diversas
vezes.

O desenho das pedras portuguesas, marca registrada do
calçadão, foi refeito mais recentemente pelo
paisagista Roberto Burle Marx a partir de um desenho
que já existia na Avenida Atlântica original e que foi
trazido da Praça do Rossio, em Lisboa. “O que se diz é
que essas ondas do Burle Marx são mais sensuais e mais
bonitas que as de Portugal”, conta, em jeito de
provocação, o historiador Carlos Kessel.
ALF

Vai um cigarrinho?


Li num jornal diário que o aumento do preço do tabaco está a causar violência. GNR e PSP revelaram que os assaltos a carrinhas transportadoras de tabaco aumentaram duzentos por cento.
Estes crimes são organizados e violentos, incluindo o recurso a armas de fogo. Só este ano já houve 120 crimes de furto de tabaco.
Que panorama. Vou passar a ter mais cuidaddo com os meus amigos fumadores.
Parece que os estou a ver com aquele ar tão pacífico. Afinal corro o risco de estar a privar com perigosos delinquentes.
Ninguém diga que está bem. Livra!
JTD

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Kenneth Noland


Kenneth Noland imagem (Trabalho sobre papel).

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Boas compras


O engenheiro da Sonae, em tempos, obrigou a assembleia da República a reunir às oito da manhâ.
O engenheiro disse que Cavaco será um grande presidente para trabalhar com um grande primeiro-ministro.
O homem da Sonae diz o que lhe apetece. Faz bem. É assim que se fazem os grandes líderes. É falando sobre tudo e todos que se formatam os homens de sucesso. O sucesso está na moda. Os homens de sucesso falam sobre o que tem sucesso.E tentam definir o que é o Sucesso.
É triste perceber que a noção de sucesso, assim como a definição de o que está bem e de o que está mal, estão entregues ao homem do supermercado.
Boas compras.
JTD

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Notícias do Rio

Domingo passado, aqui no Brasil, houve o referendo
sobre o desarmamento, que teve a esmagadora vitória do
“não” à pergunta “o comércio de armas e munição deve
ser proibido no Brasil?”. Muitas foram as críticas em
relação à sua realização no atual momento vivido pelo
país, em meio à crise política que se arrasta já há
alguns meses. Contudo, não se pode deixar de registrar
o fato de que a sua própria consecução é um feito
notável em termos de realização democrática, se
levarmos em conta que o país têm 122 milhões de
eleitores e que no ano de 2000 o processo de votação
eletrônica atingiu 100% dos municípios brasileiros,
sendo mais de 400 mil urnas eletrônicas distribuídas
por todo a extensão do imenso território.

Embora o país tenha deixado escapar a oportunidade de
tomar uma decisão histórica no sentido de diminuir os
índices de mortes violentas causadas por armas de
fogo, as análises que procuram explicar a vitória do
“não” têm apontado para um protesto da população em
geral em relação às políticas de segurança pública. É
certo que apenas o desarmamento não resolve as
inúmeras e complexas questões relativas ao assunto,
contudo, os argumentos utilizados na campanha pelos
partidários do “não”, batendo na tecla do “direito de
portar uma arma para se defender”, apontam para
soluções perigosamente individualistas e sem a análise
de que a violência está ligada à pobreza e à exclusão
causadas pela cada vez mais alta concentração de
renda.
Bem, por último, cabe ponderar que, se por um lado o
Brasil se tornou um exemplo de lisura em processos
eleitorais em virtude do processo de votação
eletrônica, por outro, certamente não tem sido exemplo
de probidade na política, ainda mais quando se sabe
que o ex-tesoureiro do PP, partido de sustentação da
base do governo, um dos envolvidos no escândalo do
mensalão, chama-se Jacinto Lamas…
ALF