segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

As causas dos homens

Morreu Vitor Wengorovius. Participou na revolta estudantil de 1962. Foi companheiro de ideias e acções de Nuno Teotónio Pereira, Jorge Sampaio, Vera Jardim, João Benard da Costa, entre muitos outros nomes grados da resistência à ditadura. Nunca exerceu funções políticas directas. Era mais um político de causas. Um homem imensamente livre. Ainda os há. Fazem falta.
RR

Design em festa

André Costa, português, 23 anos, finalista do curso de Design de Equipamento, venceu o concurso mundial de Design da Peugeot. Participaram cerca de 3800 projectos. O PÙBLICO de ontem dava a notícia. Na primeira página (sim, porque isto é assunto de primeira página), uma fotografia do projecto vencedor. Nas páginas 36 e 37 o desenvolvimento merecido, e a fotografia do jovem premiado. Aqui está, portanto, uma boa notícia que nos enche de orgulho. Matéria informativa como esta é que devia ser tratada com regularidade pelos meios de comunicação. Assim houvesse matéria. Esperemos que o André nos vá fornecendo motivos para notícia no futuro. Deverão ser estas as verdadeiras celebridades. Quem trabalha e luta pelas suas ideias é que deve povoar a imprensa. Quem vai para quintas para ser famoso à força, deve reduzir-se à circunstância de, de vez em quando, nos lembrar-mos deles, como mau exemplo de existência.
JTD

domingo, 27 de fevereiro de 2005

Jim Davis | Mário de Carvalho



A VELHA SENHORA aproximou-se do gato, enroscado sobre a máquina de     
costura, passou-lhe leve a mão pelo pêlo e sussurrou, sorrindo:
- «Nunca acordes um gato que dorme...»
- Porquê? - perguntou o gato, bocejando.

Mário de Carvalho, Fabulário. Lisboa: &etc, 1984
Jim Davis Garfield

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Richard Diebenkorn | Fernando Pessoa



UM DIA

Em vez de almoçar - necessidade que tenho de fazer acontecer-me todos os dias - fui ver o Tejo; e voltei a vaguear pelas ruas sem mesmo supor que achei útil à alma vê-lo. Ainda assim...

Viver não vale a pena. Só olhar é que vale a pena. Poder olhar sem viver realizaria a felicidade, mas é impossível, como tudo quanto costuma ser o que sonhamos. O êxtase que não incluísse a vida!...

Criar ao menos um pessimismo novo, uma nova negação, para que tivéssemos a ilusão que de nós alguma coisa, ainda que para mal, ficava!

Fernando Pessoa [Bernardo Soares] O Livro do Desassossego
Richard Diebenkorn Pintura

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Andy Warhol | José Afonso

Andy Warhol e José Afonso faleceram há 18 anos. Deixaram-nos no mesmo dia.
Recorda-se aqui a morte, porque é uma consequência da vida.
A vida comemora-se todos os dias. Foi isso que fizemos nas referências aqui em baixo.
Recordamos o melhor de dois grandes artistas.
JTD

José Afonso | Costa Pinheiro



Balada do Outono

Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

José Afonso Poema
Costa Pinheiro Pintura

Andy Warhol | Albert Cossery



(A cidade) devorava tudo. Estendia-se com uma raiva constante. De toda a parte a viam vir. Chegava ao deserto, aos palmeirais e às ilhas do outro lado do rio. Já não a conseguiam deter.

Albert Cossery texto de "Os Homens Esquecidos de Deus"
Andy Warhol Pintura

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Balthus | Manuel da Fonseca



Quando foi que demorei os olhos
sobre os seios nascendo debaixo das blusas,
das raparigas que vinham, à tarde, brincar comigo?...
... Como nasci poeta,
devia ter sido muito antes que as mães se apercebecem disso
e fizessem mais largas as blusas para as suas meninas.
Quando, não sei ao certo.

Mas a história dos peitos, debaixo das blusas,
foi um grande mistério.
Tão grande
que eu corria até ao cansaço.
E jogava pedradas a coisas impossíveis de tocar,
como sejam os pássaros quando passam voando.
E desafiava,
sem razão aparente,
rapazes muito mais velhos e fortes!
E uma vez,
de cima de um telhado,
joguei uma pedrada tão certeira,
que levou o chapéu do senhor administrador!
Em toda a vila,
se falou, logo, num caso de política;
o senhor administrador
mandou vir, da cidade, uma pistola,
que mostrava, nos cafés, a quem a queria ver;
e os do partido contrário,
deixaram crescer o musgo nos telhados
com medo daquela raiva de tiros para o céu...

Tal era o mistério dos seios nascendo debaixo das blusas!

Manuel da Fonseca Poema
Balthus Pintura

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

O tempo dos labregos

O projecto populista parece ter chegado ao fim. Todo este processo encetado por Pedro Santana Lopes, já raiava euforía na voz de alguns protagonistas. Alberto João Jardim pronunciava-se sobre tudo e todos como uma autêntica consciência nacional. Isaltino chegou-se à frente para salvar Oeiras, numa desbragada demontração de falta de decoro. Relvas era o maior opinador de serviço. Os mais indescritìveis artistas de telenovela prestaram vassalagem ao seu guru número um. O parlamento, na bancada laranja, ficou cheio de deputados perfeitamente inúteis. Até o ridículo José Castelo branco se sentiu com coragem para anunciar que se preparava para ser deputado. E nós acreditamos. Tudo seria possível com esta gentalha no poder. Todos os labregos se sentiram alimentados e vitoriosos. Todos acharam que era chegada a sua hora. Felizmente durou pouco, o tempo dos labregos. Mas fez das suas. O PSD ainda não se livrou da tralha santanista. E pelo andar da carruagem, um tortuoso caminho se avista. Por favor, não devolvam a criatura ao país. Preparem-lhe um lugarzinho interno digno: Porteiro, assessor jurídico, conselheiro de Miguel Relvas. Mas, pela vossa saúde, não o soltem de novo. JTD

Não há pachorra

Santana apareceu risonho e bem disposto. Até disse que não estava perante uma catástrofe eleitoral. Situações como esta já as houve noutros tempos. O homem é um artista. De circo. A culpa da espectacular derrota não foi dele. Foram os antigos dirigentes que o abandonaram. O queixume continua. É assim que ele sobrevive: de queixa em queixa até que Deus queira.
No debate com Sócrates, chegou a dizer que o PS, não ganharia as eleições, graças a Deus. Até Deus quis demonstrar que está farto dele. O país, com a ajuda de Deus apostou na remoção da personagem. Mas a triste personagem não acredita. Se calhar já nem liga aos sinais de Deus. Talvez leia como um milagre de Lúcia a vitória em Leiria. Único distrito onde foi assistido por um pequenino êxito. Pelos vistos, não nos vamos livrar deste espécime tão depressa como seria normal.
RR

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Já está

Pronto. O menino-guerreiro não convence. Tem que ir guerrear para outra freguesia.
O populismo Santanista termina hoje. Agora cabe ao PSD remover esta escumalha do seu seio.
Nós não temos nada a ver com isso. Mas era bom não ter que assistir a este cortejo de miseráveis no futuro.
O nível do debate político deverá elevar-se. A inteligência deverá voltar ao confronto de ideias.
Assim espero. JTD

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Casa de passe

De facto, o homem é um miserável. A carta que agora enviou aos portugueses, tipo mensagem pessoal, está ao nível de um candidato rasca a clube de futebol de bairro. O desgraçado pede o favor de votarem nele. Já não há palavras para classificar esta criatura sem classificação. Ver pessoas inteligentes (claro que não me refiro ao dr. Balsemão), apelarem ao voto nesta imbecilidade é confrangedor. Dar-mos conta que há gente ao nosso lado que vai votar nesta tristeza é revoltante. O problema não está nas diferenças entre a esquerda e a direita. Está entre imbecilidade e bom senso. Pode-se ir a qualquer lado com Sócrates. É possível conversar com Jerónimo. É um prazer tomar um cafézinho com Louçã. Agora, fazer pela eleição de Santana é, no mínino, completamente estúpido. O homem não presta nem para vender automóveis em segunda mão.
Ainda há quem diga que é um sedutor. Um homem muito atraente. Valha-me Deus, onde é que quem isso diz tem os olhos.
O homem é horrível. Quando ri tem cara de atrasado mental. Como é possível achar aquilo atraente. Nem por aí ele vai lá. Apesar de ser aí que ele aposta. Já só tem o corpo à venda. E balsemão é uma espécie de proprietário de casa de passe. A única casa de passe que aceitou tão badalhoca participação.
RR

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Ri-te, ri-te

SUZUKI ACTUALIZADO

No primeiro dia de aulas numa escola secundária dos E.U.A. a professora apresenta aos alunos um novo colega, Sakiro Suzuki, do Japão.

A aula começa e a professora pergunta: "Vamos ver quem conhece a história americana.
Quem disse: 'Dê-me a liberdade ou a morte'?"
Silêncio total na sala. Apenas Suzuki levanta a mão: "Patrick Henry em 1775 em Filadélfia".
"Muito bem, Suzuki.E quem disse: 'O estado é o povo, e o povo não pode afundar-se'?"
Suzuki levanta-se: "Abraham Lincoln em 1863 em Washington".
A professora olha os alunos e diz: "Não têm vergonha? Suzuki é japonês e sabe mais sobre a história americana que vocês!"
Então, ouve-se uma voz baixinha, lá ao fundo: "Vai apanhar no cu, japonês de merda!"
"Quem foi?", grita a professora. Suzuki levanta a mão e sem esperar, responde: "General McArthur em 1942
em Guadalcanal, e Lee Iacocca em 1982 na Assembleia Geral da Chrysler".
A turma fica super silenciosa, apenas ouve-se do fundo da sala: "Acho que vou vomitar".
A professora grita: "Quem foi?" E Suzuki responde: "George Bush senior ao primeiro-ministro Tanaka
durante um almoço, em Tokio, em 1991". Um dos alunos levanta-se e grita: "Chupa-me a p...!"
E a professora irritada: "Acabou-se! Quem foi agora?" E Suzuki, sem hesitações: "Bill Clinton à Mónica Lewinsky, no Sala Oval da Casa Branca, em Washington, em 1997". Outro aluno levanta-se e grita: "Suzuki é um pedaço de merda!"
E Suzuki responde: "Valentino Rossi no Grande Prémio de Moto no Rio de Janeiro em 2002".
A turma fica histérica, a professora desmaia, a porta abre-se e entra o director que diz: "Que grande Merda, nunca vi uma confusão destas."
Suzuki: "Jorge Sampaio ao ministro das finanças Bagão Félix na apresentação do orçamento de Estado, em Lisboa, em 2004".

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Mudar é preciso

Devemos respeitar as opções políticas, religiosas e sexuais de toda a gente. E respeitamos.
Santana e Portas suspenderam a campanha eleitoral. Está certo. É respeitável, porque está de acordo com as suas mais profundas convicções, apesar de ser evidente o oportunismo político.
Mas quem encomendou o sermão a Santana Lopes para decretar luto nacional pela vidente de Fátima?
Foi a sua consciência. Logo, devemos respeitar a atitude do nosso governante?
E os cidadãos portugueses que não são católicos? E os que frequentam outros catecismos, não merecem respeito?
Uma coisa é respeitar a religiosidade de cada um, outra é transformar a opção de um governante num imperativo nacional.
Apesar de isto parecer evidente, assistimos à rendição de quase todos os líderes políticos ao luto nacional imposto.
A ascenção de Santana a primeiro-ministro e o seu protagonismo nas consequentes trapalhadas, baixaram o nível, em absoluto, de todas as atitudes dos dirigentes partidários. Veremos se com a sua remoção no próximo domingo, se enceta um caminho mais tolerante na política portuguesa. JTD

Irmã Lúcia

Santana e Portas estão emocionados. Suspenderam a campanha eleitoral devido ao estado de grande sofrimento em que se encontram.
D. Manuel Martins considera estas atitudes como pura campanha eleitoral. Pacheco Pereira também.
O desespero da maioría governamental tudo permite.
Vale tudo. Até a morte lhes alimenta a vontade de armar ao pingarelho. Só que políticamente são eles que já estão mortos.
Aguardamos o enterro definitivo no próximo domingo. RR

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Super governante

Há gente assim, capaz para todos os trabalhos. São estes "trabalhadores" que Portas exibe como grandes competências para o governo da nação. Este é pouco mais que tonto, mas está na perfeição para ombrear com a chusma de cretinos que nos governaram nos últimos meses. Foi este governante que deu a cara no chamado caso do "Barco do aborto". Lembram-se dos disparates que alardeou? O PÙBLICO de hoje, ilustra a noção de serviço público da criatura, neste naco de prosa:

Fernandes Thomaz "explicou" qual é a sua ligação ao distrito de Santarém, pelo qual o CDS-PP quer eleger dois deputados: "Vou a Fátima, vou a umas toiradas, vim ver uns amigos, mas nada mais". O dirigente democrata-cristão desvalorizou a importância de ter raízes no círculo pelo qual concorre, afirmando também que foi para a secretaria de Estado dos Assuntos do Mar quase por acaso. "Gostava de ir à praia e andar de barco, nada mais", declarou.

Notável. O que vale é que já falta pouco para nos vermos livres desta gente. E que seja por muito tempo. Ou para sempre. Fazem tanta falta ao poder do estado, exactamente como a fome. Ou seja, nenhuma. JTD

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Santana atirador

Santana Lopes, ontem em Aveiro, num inesperado acto de histeria, atacou a comunicação social. Gritou BASTA, numa reacção ao que chamou de falta de respeito por um partido com 30 anos. O homem nunca acerta: logo no dia em que um jornal escolhe para caluniar o seu principal adversário com acusações gravíssimas, é que a patética criatura resolve investir contra ventos e marés.
Patético é pouco. Hà já sinais nítidos de que o sr. Lopes (como diria o outro) está a uma curtíssima distância da loucura.
O desespero é causador de preocupantes disfunções quando não há acompanhamento. Alguém devia dizer ao senhor que aquelas figuras são preocupantes ao nível clínico. Mas ele está só. Perdão, estáo lá Jardim e Relvas. O problema é que mesmo estes não estão em muito bom estado.
JTD

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Juan Gris | Carlos de Oliveira

.

seguindo o fio
da tinta
que desenha
as palavras
e tenta
fugir ao tumulto
em que as raízes
grassam,
engrossam, embaraçam
a escrita
e o escritor:

Carlos de Oliveira Poema
Juan Gris Pintura

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Mininos e mininas, respeitável público...

Olhó Santana

Santana diz que não sai em campanha eleitoral durante o carnaval.
Fantástico. O maior palhaço da política portuguesa está de folga.
Logo em pleno carnaval: a festa que ele vive todo o ano. Que grande artista. Que grande palhaçada.
SLP

domingo, 6 de fevereiro de 2005

Hoje há palhaços

Santana Lopes chamou o soba do Funchal e o barão Eurico para o ajudarem no arranque da campanha, em Castelo Branco.
O também elegantíssimo Morais Sarmento é o cabeça de lista pela zona. Estamos, portanto, perante um valoroso elenco de figuras de circo. A campanha do PSD começa com uma boa arena. Circo internacional, a ter em conta a prestação do soba, que se deslocou do território da Madeira para ajudar a criatura que nos envergonha no lugar de primeiro-ministro.
Ainda haverá quem compre bilhete para este espectáculo?
JTD

sábado, 5 de fevereiro de 2005

A voz dos pacientes do blogoperatório

No passado dia 17 de Dezembro recebi esta nota, via e-mail, do nosso visitante Vitor José, a propósito de um post por mim colocado nesse dia, com o tìtulo "Celebridades", em que eu dizia que não haveriam mais comentários contra o governo, visto este ter deixado de existir. Apesar do tempo que entretanto passou, acho oportuno colocar aqui o comentário do Vitor, agora que a imprensa anda tão enlevada com a prestação de Santana no debate: os principais jornais nacionais fizeram primeiras páginas com a "vitória" de Lopes, enquanto os seus principais colunistas opinaram no sentido inverso. Estranho, não é?
Eis o texto do nosso paciente:

"Não vale a pena bater no que não existe."
Este homem é perigoso
"Ferido de morte" apenas o parlamento. Santana Lopes está acossado e como
tal tornou-se mais perigoso. Permitir que este homem continue a chefiar um
governo é fazer deste último uma central de publicidade nos próximos dois
meses. Vai oferecer o que não tem e dar o que não pode, vai vitimizar-se
esperando que a pena dos portugueses se transforme em perdão, eis a receita
e lembre-se que os portugueses, independente do seu estoicismo, tem memória
curta, o que hoje se vive amanhã se esquece.
Acreditar na vigilância do Presidente da Republica, da oposição ou dos media
é acreditar no Pai Natal e embora a temporada do dito se aproxime, Portugal
não é um brinquedo para meninos traquinas.
Não se trata de "bater" mas não dispense o espirito critico


Tem razão, este nosso amigo. Obrigado pela opinião e mande sempre.
JTD

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

O intendente de Coimbra

Referindo-se a José Sócrates, o actual ministro do Ambiente, Nobre Guedes, afirmou: "Acho que isso devia ser sancionado, ele não devia entrar em Coimbra. Coimbra devia levantar à rua e esse senhor não devia cá entrar".
Eles não sabem o que fazem. Nem o que dizem.
SLP

O país merece melhor

Santana aproveitou os minutos finais para debitar a retórica enfadonha a que nos habituou. Chamar a isso vitória no debate, parece-me um pouco excessivo. Santana não ganha nada. Santana insinua, manipula, dá voltas e mais voltas, mas não passa de um desesperado furioso em agonia. Santana não merece ser primeiro-ministro. Já nos basta ter que o levar a sério devido a este equívoco recente. Agora é derrotá-lo e esquecê-lo. Um debate eleitoral não é uma jornada de um campeonato em que alguém sai vencedor. O que importa aqui, é ainda se colocar a hipótese de tornar a ter Santana a chefiar o governo, coadjuvado por todos os tontinhos que o rodeiam. A campanha de Santana é vergonhosa. As campanhas da JSD são geralmente indignas e pirosas. Santana diz que acha a campanha perfeitamente normal. Santana é piroso e pouco capaz de dirigir seja o que fõr. Agora já se fala em voltar para a câmara de Lisboa. Lisboa merece melhor. O país merece melhor. Nós não merecemos tão pouco.
JTD

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Kurt Shhwitters | Helder Moura Pereira



Directamente dos livros para o campo

Directamente dos livros para o campo.
O elogio da sinceridade, sincero
amor, tão sincero e tão duvidoso, tão
regular. Cai um motivo, um trovão
e um susto de ciúme, para o poema ser
verdadeiro e desenhar-te, com o sol
por trás, a terra toda cheia de terra.
Abria em leque: glicínia. Sobem alinhados
cheios de água: salgueiros. A cada
dia, de cada vez, tudo é obra de reconciliação.
É um retrato, é toda uma aventura
este momento, um pirilampo quieto,
carraça colada ao umbigo. Um telemóvel
apita na escuridão e tu vês, pirilampo,
tu vês a minha sombra. Não se ouve
este ribeiro nem sombras se ouvem
se parado o sinal que nos deu a fogueira,
se parado o leite que nos deu a figueira.

Helder Moura Pereira Poema
Kurt Shhwitters "Assemblage" e óleo em madeira

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Josef Albers | Carlos de Oliveira



Nevoeiro

A cidade caía
casa a casa
do céu sobre as colinas,
construída de cima para baixo
por chuvas e neblinas,
encontrava
a outra cidade que subia
do chão com o luar
das janelas acesas
e nop ar
o choque as destruía
silenciosamente,
de modo que se via
apenas a cidade inexistente.

Carlos de Oliveira Poema
Josef Albers Pintura