segunda-feira, 16 de julho de 2007

Ler com calma


Estas são as leituras que vou levar para férias. Se me sobrar tempo, depois das tardes de Sol, de beber uns copos e de muito namorar, serão estes os meus companheiros de aventuras. São todos de autores portugueses. Deste rol, apenas Rui Cardoso Martins estreia com capa e lombada. Dele só conheço as crónicas na Pública e os humorismos do Contra-informação. Os outros autores mencionados já são meus íntimos. Ainda não li estes trabalhos recentes, mas atrevo-me a recomendá-los.
E passo a enumerá-los:

O Deserto acidental
António Mega Ferreira - Assírio & Alvim

E se eu gostasse muito de morrer
Rui Cardoso Martins - Dom Quixote

Fumo | Deixar de fumar é lixado
Pedro Rolo Duarte - Oficina do Livro

As mulheres do meu pai
José Eduardo Agualusa - Dom Quixote

Pacientes

Mais um texto do paciente José António Ferreira:

Das eleições em Lisboa
(texto provocatório!)

Em 1931, Afonso XIII abdicou.
O governo da monarquia perdera, em eleições autárquicas, Madrid, Barcelona e mais alguns centros urbanos relevantes.
Mas o partido do governo ganhara em geral.
O certo é que perdera em Madrid, Barcelona e em outros centros urbanos fundamentais!
Em Portugal, muitos anos após, o governo de Guterres, perdendo, em eleições autárquicas, a capital e o Porto, também se foi embora!
O Sr. Guterres abdicou “à Afonso XIII”!
O seguinte, o Sr. Barroso, convidado por quem de direito, foi presidir à comissão.
Sucedeu-lhe o Sr. Lopes, que trespassou a presidência de Lisboa, deixando à frente da autarquia o Sr. Carmona Rodrigues.
Espanha não é Portugal, é certo.
Mas Lisboa é Portugal!
O PSD, o CDS, o PS, o PC, a CDU, o BE e o resto do universo, dedicam o seu melhor a convencer Viana, Braga, Bragança, Évora, Faro, Celorico de Bastos e o da Beira, Vila Real, Aveiro, Tondela e Badajoz (perdão, Elvas) … que se não for Lisboa, pouco importam!
Perder ou ganhar em Lisboa, implica o uso da coroa ou a necessidade de dela abdicar!
Na verdade, Carlos V terá dito que “quem tem Lisboa tem o mundo!”
Outros tempos, é certo!
JAF

As amostras

Estas amostras políticas que os chamados independentes representam (Carmona é uma invenção do PSD e Roseta vem do PS), são uma perplexidade. Ninguém acreditava, aqui há umas semanas atrás, que o engenheiro se candidatasse. Pois bem, reuniu à sua volta a pior gente possível e avançou. O resultado representa uma aclamação. Há umas semanas atrás, repito, não era previsível. A arquitecta saiu do seu segundo partido de sempre na véspera das eleições. Também não se saiu mal com a ousadia. Terão estas experiências um futuro? Provavelmente sim, provavelmente não. Uma coisa é certa: sendo experiências, representam o pior que a política nos fornece. Abandonam os colectivos partidários quando não lhes são dados palcos para as suas performances pessoais. Depois chamam-lhes coisas estranhas: como cidadania e amor ao povo. No meu tempo chamava-se a estes devaneios populismo. Agora há outros nomes para o fenómeno. Posso estar enganado, mas isto vai dar em nada. Mas se me enganar, espero que os protagonistas destas generosas acções sejam outros: independentes, de facto, verdadeiramente defensores da cidadania e com respeito pela política.

domingo, 15 de julho de 2007

Nova Lisboa


António Costa é o novo presidente da Câmara de Lisboa. Em segundo lugar ficaram os independentes. Também a abstenção marcou muitos pontos nestas eleições. Não encontro nem na "vitória" dos independentes, nem na abstenção, uma reacção positiva à decepção com a política e os partidos políticos. Estes independentes também fazem política, e da má. E a abstenção é uma consequência de calendário. Já a votação na Direita, a menos relevante de sempre, é perfeitamente normal. O contrário é que seria pouco razoável. Depois de Santana, Carmona e a desastrosa hipótese de Negrão, outra coisa não era espectável. Esperemos que tudo volte à normalidade nas próximas eleições. E esperemos que este mandato seja de rigor e de credibilização da política. Faltam dois anos para percebermos se tudo isto se confirma.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Tesourinho deprimente

A Feira de Verão, em Setúbal, vai homenagear José Afonso. O cartaz de promoção ostenta a figura do cantautor e anúncia as participações culturais: O inefável Toy e a novel estrela do estardalhaço, Michael Carreira, aparecem lá em letra de forma.
Esta feira foi, durante décadas, uma forma de animar o centro da cidade. Há muitos exemplos de como estas coisas funcionam por essa Europa fora. Vi um exemplo disso mesmo recentemente, em Amsterdão. Esta Feira de Santiago transformou-se numa imundice, é certo. Logo, o actual executivo camarário, em vez de requalificar o evento, transladou-o para a periferia da cidade. É assim como varrer o lixo para debaixo do tapete. Mas estão muito contentes com o feito. E agora vão rebaixar José Afonso a esta imundice.

Fatalidades

José Sócrates ficou chocado com esta coisa das tramóias das juntas médicas. De facto é chocante. E é bom que o primeiro-ministro o revele. Mas o mais chocante não são estes casos recentes. O que choca, se pensarmos bem, é que isto acontece há muito tempo. Já aconteceu a muita gente, atravessou muitas épocas, e muitos governos passaram por elas. Parece que gostamos que nos cheguem a roupa ao pêlo.
Só despertamos quando o caixão está por perto.

Perigosa liberdade


Laurie Anderson está preocupada com as obsessões com a segurança, um certo modelo de informação e a sujeição da liberdade ao medo. O seu novo trabalho, Homeland, ainda em desenvolvimento, revela estas preocupações. Laurie Anderson é uma comunicadora multifacetada: escreve, toca, canta, fotografa, faz vídeos, enfim, desafia linguagens para exprimir sentimentos. Eu gosto muito dela. Vai estar domingo, à noite, na Culturgest. Lamento informar: a sala está esgotada.

Degredos


Paulo Barriga tratou de reunir em livro os "poemas alentejanos" de Al Berto. Chamou-lhes "Degredo no Sul". Agora, quando passam dez anos sobre a morte do poeta, a Longitude Zero, a Assírio & Alvim, o Diário do Alentejo e o Centro Cultural Emmerico Nunes, uniram esforços no sentido da publicação do trabalho. A Casa do Alentejo foi o local escolhido para a apresentação. É amanhã, sábado, mesmo na hora de maior calma - 16 horas. O pátio árabe da casa é fresquinho. E no bar há cervejolas geladas. É capaz de se estar lá bem, a ouvir falar de Al Berto e a ouvir a sua poesia. Apareçam.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Direito à indignação?

O Vaticano considera que a verdadeira Igreja de Cristo é a Igreja Católica. Várias congregações protestantes já reagiram. Os recalcitrantes seguidores de Lutero contestam esta atitude dos responsáveis católicos. Claro que eles é que se consideram os legítimos representantes da fé cristã. E ainda há todas as igrejas, igrejinhas e seitas que chamam a si a autenticidade da representação. A Igreja Católica limita-se a puxar a brasa ao seu dogma: só tem de se considerar a verdadeira Igreja de Cristo. O dogma não permite a dúvida. A Teologia não permite alternância democrática. E os protestantes e afins, consideram-se os representantes assim-assim de Cristo?
Tanto alvoroço, à volta de tão grande evidência, porquê?

Bocejo eleitoral

A campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa é um aborrecimento. Não há memória de disputa eleitoral tão pouco disputada. Parece que tudo está decidido. E tudo leva a crer que a decisão é do agrado de todos. Tudo é morno e irrelevante. Até há um troglodita racista que faz por dar ares a gente civilizada. E há um troglodita fadista disfarçado de monárquico paternalista. Mas nada dá ares a nada.
Um bocejo.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Leituras passadas



Ora vamos lá responder ao desafio da Sofia. Escolhi os tais cinco livros que agora recomendo, sem outro critério que não seja o prazer da leitura.

Cidade Proibída, Eduardo Pitta - Uma história sem lugares-comuns nem falsos moralismos. Vidas que se cruzam num universo de complexidades. Sofisticado e autêntico. A intimidade de cada um tem importância na relação que se estabelece com os outros? Claro que tem. O importante é sermos decentes. Mas a decência é o contrário da censura e da intolerância. Ser decente é ser gente. Gente sem complexos sociais ou sexistas. Um belíssimo livro.

Memórias de um nómada, Paul Bowles - O escritor americano corre mundo e faz amizades. Radica-se em Tânger e um corrupio de malta atravessa o oceano para visitá-lo. Ele recebe-os da melhor maneira - Conversando. Este livro é uma história sobre os prazeres todos. E é um prazer também.

Segredos do Reino Animal, Helder Moura Pereira - Já referi este livro, em Maio, mas repito: Estes Segredos da Vida Animal revelam uma missiva simples: a complicação que é vivermos simplesmente uns com os outros.

O Fim da Fé, Sam Harris - Trabalho muito bem documentado sobre as razões que levam tanta gente crescida a seguir cegamente as religiões que são postas à sua disposição no mercado da Fé. Um tratado.

Deus e a Fé, J. I. González Faus e Ignacio Sotelo - Também no domínio das crenças, um crente e um não crente, ambos intelectualmente superiores, lançam-se num diálogo sem limites nem árbitro. O resultado do derby é escolhido pelo leitor. Um livro fascinante.

E pronto. Agora vou escolher as vítimas para este jogo:
Sandra Passos
Afonso Reis Cabral
Gisela Neto
José Carreira
João Reis Ribeiro
Participem, se para aí estiverem virados.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Cabeças de vento

O ministro responsável pela saúde dos portugueses defende abertamente a aplicação de represálias contra quem a ele se opõe.
O ministro responsável pelas hortas responde com indelicadeza a quem desconfia das políticas europeias para o sector.
O responsável do maior partido da oposição diz o que lhe apetece sobre o número dois da lista do partido rival.
Segundo o chefe de gabinete do líder do PSD, é normalíssimo o seu chefe mandar mails para responsáveis de grandes empresas, com queixas sobre o funcionamento de fornecimentos de serviços às ditas.
O candidato do PSD à Câmara da capital é o que é.
E houve um evento qualquer sobre umas preciosas maravilhas do mundo, onde parece que as trapalhadas se sucederam.
A silly season está aí. A tradicional tontice domina. É o que geralmente acontece quando o calor aperta.
Mas este ano veio com toda a força. Este Verão está diferente.
Deve ser do vento.

domingo, 8 de julho de 2007

Descanso

Fim-de-semana bastante preenchido. Não houve tempo para postagens.
Volto amanhã. Até lá.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Aventuras de um nabogador

O novo livro de Onésimo Teotónio Almeida, Aventuras de um Nabogador, são estórias e mais estórias, contando-se umas às outras, em sanduíches carregadas de sabores. Aliás, ao bom estilo de conversa do autor, como sabem quantos com ele já conviveram.
Conhecido em Setúbal por ter ali vivido no ano de 1971 e por já ter apresentado na Culsete outros dos seus livros, Onésimo Teotónio Almeida é professor catedrático de Filosofia na Universidade de Brown, Providence, Estados Unidos, onde criou e dirige o Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros, e é reconhecido como um dos mais activos intelectuais da nossa Diáspora, intervindo por todo o Mundo, ou quase, em variadíssimos acontecimentos culturais. Um prazer e uma honra, passarmos na Culsete mais um agradável serão com Onésimo Teotónio Almeida. (Culsete)

Onésimo Teotónio de Almeida
apresenta Aventuras de um Nabogador

6 de Julho | Sexta-feira | 21,30 horas
Livraria Culsete, Setúbal

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Venham mais cinco, outra vez

A Sofia vai estragar-me com mimos. Agora incluiu-me numa cadeia de bloguers, onde nos incita a revelar o que gostámos mais de ler recentemente e depois a desafiar outros cinco colegas para que façam o mesmo. É um novo jogo que anda aí agora. É simpático. Mas há um limite que me limita: Os livros que me ajudaram a olhar para as coisas mesmo a sério, nos últimos tempos, são um bocadinho mais do que os cinco pretendidos para a listagem.
Mas vou escolher e justificar a escolha. Fica para sábado, ok?

A Europa e o futuro


Constitucional ou não, mini ou maxi, o futuro da Europa depende do tratado que está em discussão. A Europa parece ter medo de ouvir os seus cidadãos e de se confrontar com os princípios que têm de estar na sua base.
Passando por questões de democracia interna e pela definição dos direitos que serão assegurados, este não é um tratado isento de opções ideológicas. Os seus impactos sociais e económicos podem e devem ser analisados previamente.
No entanto, mesmo após a recusa de dois povos, os líderes europeus optaram por reformular o tratado sem mudanças profundas. Para a ATTAC, este é um processo a que os cidadãos não podem ser alheios. É preciso não só numa análise crítica do processo de elaboração do tratado, mas também uma discussão do que devem ser os seus objectivos.
Agora é o momento de discutirmos as fundações que queremos para este edifício e como o queremos construir. (ATTAC - Portugal)

Debate: Construir a Europa, como e com que princípios, com os juristas José Manuel Pureza - Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Bloco de Esquerda.
Pedro Delgado Alves- Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Juventude Socialista.

6 de Julho | sexta-feira | 19 horas
Galeria Zé dos Bois - Rua da Barroca, 59, Lisboa - Bairro Alto.

Organização: ATTAC PORTUGAL – Núcleo Europa

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Malefícios do tabaco


O Pedro Rolo Duarte insiste em divulgar, de segunda a sexta,
na Antena 1, o que o pessoal dos blogues vai por aí dizendo.
A sua Janela indiscreta abre-se ao mundo de cá. As opiniões aqui do cirurgião de serviço volta e meia são lá escarrapachadas. Agora é a vez do Pedro vir dizer o que lhe vai na alma. Para isso juntou tudo num livro que vai lançar amanhã, na esplanada Meninos do Rio, em Santos.
Li com muito prazer o seu livro anterior, Noites em Branco. A páginas tantas diz: "O meu pai, que era perfeccionista nos factos e rigoroso como um professor nas datas, ensinou-me a respeitar o passado, sem ficar lá parado". Se calhar é por isso que o Pedro é um rapaz de agora. Um homem do seu tempo que vale a pena ler e ouvir. Eu vou lá ter com ele, amanhã à noite.

Livros em Baleizão


O Paulo Barriga exilou-se em Baleizão. Agora anima esta gentil colectividade. É o presidente da dita e enviou-me este texto de apresentação e promoção. Cá vai ele:

A Longitude Zero - Associação, colectividade sem fins lucrativos que centra a sua actividade no apoio e na oferta cultural e desportiva aos jovens mais carenciados da freguesia de Baleizão, Beja, inaugurou no passado dia 2 de Junho a primeira biblioteca privada de acesso livre e gratuito do interior alentejano. Baleizão, apesar da sua história, era das raras freguesias do concelho de Beja sem cobertura da rede nacional de leitura pública. Agora, mesmo sem o apoio de qualquer instituição pública, já circulam livros pela aldeia. Em apenas dois dias, tivemos mais de 10 requisições, números entusiasmantes numa comunidade iletrada e envelhecida, pelo que acabamos por lançar também um prémio de leitura para os jovens que requisitarem livros e sobre eles escrevam uma composição. É para dar seguimento a este trabalho de promoção do livro e da leitura que pedimos a colaboração de todos para que nos possam fazer chegar mais alguns livros para compor as nossas estantes e, antes de mais, para encher de letras as quentes tardes de Verão que se adivinham.

Contacto no sítio da associação: www.longitudezero.net.

Manda quem pode


Porque raio quererá o homem que seja Cavaco a mandar em Lisboa?

terça-feira, 3 de julho de 2007

Europa connosco

A Europa, nos próximos seis meses, começa em Portugal. É cá que mora o presidente em exercício. Foi cá que nasceu o presidente da Comissão europeia. Foi daqui que Mourinho partiu para conquistar o mundo do futebol. Cristiano Ronaldo seguiu-lhe os passos. É para cá que vão correr rios de massa até 2013, pelo menos. Estamos em grande.
A aposta é na qualificação, que é coisa de que gastamos pouco.
Mas parece que esta é a nossa última oportunidade. É agora ou nunca.
Que é como quem diz: ou vai ou racha. Com o pendor que temos para a desgraça, oxalá não rache de vez.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Blake songs


Hoje só me apetece ouvir isto. Um trabalho tranquilo, sem complexos.
Perry Blake está feliz.

domingo, 1 de julho de 2007

Manual de campanha

Alguém aconselhou Negrão e o PSD a fazerem ironia com aquela atrapalhação das siglas. Vai ser colocada em visíveis cartazes a frase: “Dia 15, vote na sigla que vai pôr ordem nas outras”.
A opção é inteligente. A melhor forma de sair do atasqueiro é usar a lama como disfarce. Mas manter o humor sem sobressaltos não vai ser fácil para o pessoal da campanha. Negrão não é de fiar.
Manter esta versão humorística vai ser um quebra-cabeças.
O melhor mesmo é deixarem o cartaz “falar” e sugerirem ao “troca-siglas” que se cale.

Autarca-polícia

Negrão "troca-siglas" não quer o Governo na Câmara. Se Costa ganhar as eleições será o ministro das finanças a mandar nas contas da autarquia, diz o candidato do PSD. A gente sabe que as campanhas eleitorais provocam um chorrilho de exageros, mas é obrigação de um candidato a autarca ser razoável, mesmo quando fala à toa para os seus pares.
Fernando Negrão esteve na Judiciária. Foi durante algum tempo o responsável máximo da estrutura policial. Desde que se meteu nesta coisa dos poderes locais só fala em segurança. Foi assim em Setúbal, e é agora em Lisboa. O homem quer polícias em todo o lado. Tendo em conta a sua opinião sobre esta matéria, parece que há razões para não querermos a Polícia na Câmara.