quinta-feira, 26 de junho de 2025

Gente sem qualidades

Este homem ainda está em funções? Sabemos que a mentira, a bajulação aos poderosos e os maus comportamentos são muito populares. E sabemos que os comentadores do "achismo" e da "preciosa percepção das coisas"— "eu acho" e "para as pessoas perceberem lá em casa" — preocupam-se pouco com atropelos à democracia e à razoabilidade. Trump ganhou. Ganha sempre. Rutte bajulou. Bajula sempre. Trump é um incomensurável egocêntrico. Rutte é um vulgar lambe-cus. Poderes políticos e militares entregues a gente desta não augura nada de bom. Sinceramente não percebo os líderes europeus. Este Mark Rutte ainda está em funções sem contestação por que carga de água? Vergonha na cara, já não se usa?

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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Que gente, esta gente

Trump publicou mensagem do homem forte (mas pouco) da NATO. Trump não é de fiar, como toda a gente sabe, mas este "holandês voador" ainda não o percebeu. Para Trump, o que lhe dá jeito vai para a ribalta, sem medo, que é defeito que ele não tem. Não teme nada nem ninguém. É a vantagem de quem não tem vergonha e sabe que tem poder. 

Mas o palonço americano desta vez esteve bem. Apesar de não nos surpreender a faceta de lambe-cus do holandês, é sempre bom percebermos as falas reais. Sabermos as razões que os levam a exercer estes cargos tão importantes. Percebemos que o holandês está a tramar a Europa e agradece ao fascista americano a confiança que lhe é dada. Ganhar umas massas a lamber cus é papel principal para este "holandês voador" que, não tendo condições para papéis de relevo na ópera em três actos de Wagner, limita-se a varrer o porão do navio fantasma, e representa assim papel que lhe cai como luva, em opereta que se revela uma cagada em três actos. Assim, "A NATO não chega a netos", como adivinhou José Afonso na canção "Os fantoches de Kissinger". Aliás, a NATO e o mundo todo com líderes destes não vão ter uma boa história para contar. Que gente, esta gente.

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Vícios privados, públicas atitudes

O primeiro-ministro não gosta de jornalistas ofegantes de auricular em permanente exercício. Detesta perguntas mais ousadas e quer acabar com a televisão pública, acabando com publicidades e outros apoios desnecessários. Tudo o que vai ser feito para que as vontades do primeiro-ministro sejam lei, vai ser tudo o que a direita costuma fazer sempre que se instala. A direita no poder não traz serenidade, nem bons desempenhos. Traz vingança e vontade de destruir tudo o que são serviços públicos. 

 Luís Montenegro não tem no percurso profissional e político nada que nos descanse. É um ajustador ao serviço de privados de sucesso que vivem de públicos diversos. Sinceramente não percebo a demissão de António José Teixeira, jornalista experimentado, sereno, logo próximo das premissas do senhor primeiro-ministro. Mas há serenidades que incomodam. São as que não se acomodam. Provavelmente é isso. Mas acrescente-se que toda a direção foi demitida sem qualquer explicação. Faz todo o sentido. A direita no poder não explica - faz. Faz o que lhe apetece. Quem manda, manda sem a necessidade de explicar coisa nenhuma. Força, senhor primeiro-ministro: há um país inteiro para se livrar de serviços públicos. Do seu lado direito tem já muita gente que o pode ajudar. E mais vão aparecer, vai ver. Vão estar todos consigo. Vão apoiá-lo e amá-lo até devorá-lo. É sempre o que acontece, nas histórias da História. Mas perceber a História não é propriamente a sua maior preocupação, não é verdade?

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domingo, 22 de junho de 2025

Ensaio sobre a Loucura

Os loucos decidem. Os que os elegeram e os que não os queriam eleger morrem por eles. A morte espreita. Os loucos protegem-se. Quem sofre são os inocentes. 

A guerra mata. Os fanatismos crescem. Vencem eleições. São eleitos e aclamados. Julgam-se reis em monarquia ajustadora. Os dirigentes políticos do nosso tempo estão a ficar loucos? Sim, mas os povos também. São muitas pessoas que circulam ao nosso lado que preferem líderes fortes e audazes. Capazes de "meter isto na ordem". De mandar matar, se para isso não lhes faltar "engenho e arte". Que é como quem diz: muito dinheiro para enriquecer ainda mais quem fabrica as armas. Este é o tempo dos governantes autoritários. O ódio está na moda. Odiar é atitude. Excluir quem é diferente. A morte fica-lhes tão bem. A política destes biltres só se exprime com rancor e aversão. Não são políticos; apresentam-se como deuses. Em política tudo tem a ver com tudo. Esta gente não parece fascista: é fascista. Tudo o que parece é. E tudo isto é tão assustador.

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Os puros

A RAÇA LUSITANA | Alguém esclarece o Luís sobre esta questão das raças? A ignorância não é boa conselheira, ainda por cima escarrapachada no Luís, que está ali só para trabalhar, com muita garra, pelos vistos. Isto vai dar um belo trabalhinho, vai.

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sábado, 21 de junho de 2025

Três fósforos

 Falamos de um rapaz do campo que, refugiado na grande cidade, é preso por roubar uma chouriça. Falamos da angústia de alguém que nunca se imaginou privado de liberdade. Falamos de um texto teatral que denuncia ironizando. Teresa Rita Lopes escreveu esta pérola da língua portuguesa. Quem tão bem conheceu a obra de Fernando Pessoa percebe com toda a certeza a dualidade que se revela na vontade de resistir ao atropelo vivendo-o intensamente.

Fui convidado pelo Duarte Victor para resolver tudo o que permite o primeiro olhar promocional. Olhar e ver, perceber o que se vai ver. Desenvolver ideias para o cenário, figurinos e design de equipamento e também de comunicação. Difícil? Depende. Peguei na ideia que me moveu para o projecto LES MOTS, desenvolvido para Montpellier, em março de 2023, e que prevê mostras futuras. Mas como vivo no presente — "Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho", escreveu Fernando Pessoa na voz de Bernardo Soares — aplico aqui a experiência. É um privilégio trabalhar a partir de um texto de Teresa Rita Lopes depois de ter usado palavras de José Afonso, em Montpellier. Privilégio de ter vivido no tempo de duas grandes figuras da cultura contemporânea. Esta peça será a primeira homenagem póstuma pública que é feita a Teresa Rita Lopes. Estreia dia 27. Recomendado.
TRÊS FÓSFOROS, de Teresa Rita Lopes.
Encenação: Duarte Victor.
Direção de imagem: José Teófilo Duarte.
Produção: Ana Isabel Delgado. 
Atores: André Moniz, Duarte Victor, José António, Luís Brandão e Miguel Assis.
Teatro de Bolso - dias 27, 28 e 29 junho. 4, 5 e 6 @julho.
Sexta e sábado: 21:30 horas. Domingo: 16:00 horas.
M/12
Bilhetes à venda na BOL — www.bol.pt
Teatro de Bolso — R. Dr. Aníbal Álvares da Silva 9, Setúbal Contactos — 932 563 905 / geral@tas.pt
 



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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Novo vocabulário para as políticas de sempre

O partido fascista que assegura que a roubalheira e a corrupção do Estado teve inicio em 25 de Abril de 1974 com a restauração de democracia, já está no Governo. As ideias manhosas e sinistras estão na rampa de lançamento. 

Agora é possível insultar e agredir quem mais sofre. O ódio aos pobres é evidente. A destruição da Cultura vai ser a grande obra cultural. Toda a Cultura é de esquerda. Fora! É assim uma espécie de geringonça ao contrário daquela que Vasco Pulido Valente definiu. É uma geringonça muito desengonçada. Contra o desenvolvimento civilizado. Pelo regresso das ideias bafientas. Ao contrário da outra que fez ajustes necessários e tomou boas medidas, esta geringonça é muito perigosa. Mas, como diria alguém: é a vida. Foi o povo que escolheu a engenhoca. O povo aguenta. E o povo de esquerda resiste. Temos um longo combate pela frente, contra a engenhoca manhosa.

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quarta-feira, 18 de junho de 2025

Joana e os anjinhos

Não sou parte interessada neste assunto, mas confesso que já fui entrevistado, na antena 3, pela Joana Marques e pelas suas companheiras, numa manhã de verão muito agradável. O motivo foi a Ilustração em Portugal e a Festa que celebra a disciplina, mas também a minha actividade de bloguer e o que mais nos apeteceu. A conversa foi muito simpática. 

Interessei-me agora por perceber o que se passa com a Joana e os cantores que a acusam de ter despertado acne fisicamente e problemas na conta bancária financeiramente. Não me perturba especificamente a ridícula interpretação do hino pelos cantores. Mas incomodam-me todas as interpretações manhosas de todos os cantores manhosos. Sejam eles "anjos" ou simplesmente outros "toys" de ouvir e esquecer. Estou com a Joana Marques. Os "anjos" que vão gargarejar para longe. 

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Fascistas encartados




A toda a hora surgem trafulhices. A Polícia Judiciária desmantelou uma quadrilha de nazis onde peroravam polícias e o senhor Matias que é pai da alucinada Rita com o mesmo apelido do dito nazi. Para que a delinquência não caísse na rua, a deputada Rita começou a namorar com um guarda-costas de Ventura que já respondeu em tribunal por ter roubado um desgraçado tombado sem consciência.

Portanto, meus amigos e minhas amigas, estamos perante fascistas como deve ser. Já percebemos que os grunhos que votam nesta gente continuarão a votar. Provavelmente até crescem com a revelação da delinquência. O crime compensa. Grunho é grunho. Cresce na pocilga. Nada que dali venha nos deve espantar. O que me espanta é que ainda haja quem se espante. São fascistas encartados em delírio com o deslumbramento do poder. Ponto.

Imagem: o líder do anterior fascismo beija a mão do seu mentor espiritual mas pouco. O que o movia era o apoio aos trafulhas de então, que faziam negócios sem freio, violavam menores, matavam, mas depois tudo passava na intimidade do confessionário. Era esta a maneira que o pulha Salazar encontrava para combater os opositores, esses corruptos que iam parar com os costados na prisão, como ameaça agora o homem das malas do partido fascista. Na outra imagem está o chefe desta gente inenarrável em pleno exercício de fé.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Este piano continua vivo

Alfred Brendel morreu. Um dos maiores pianistas de sempre. Despediu-se do seu mundo em 2008. Agora despediu-se de nós, os seus pasmados ouvintes. O piano era o seu tacto e a sua voz. Ouvi-o na despedida na Gulbenkian. Pareceu um grito. Um arrepio que se transformou em nostalgia. Mas as gravações são muitas. Ele não partiu. Está aí. É ouvi-lo. Gente assim não se afasta assim de repente. Fica. Foi bom viver no seu tempo.

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O país vai de carrinho

Outro trabalho de José Afonso vai estar de novo disponível. Mais um trabalho genial do músico genial. Este álbum sai no momento certo. Todos saem, é certo. Referências de percurso em novos alinhamentos estéticos e vocais. A capacidade artística e o rigor intelectual mantém-se. Para melhor contar o que se passou fui buscar a certeira opinião do meu amigo Viriato Teles. Diz ele:

"O último disco em que José Afonso participou activa e integralmente. Passou despercebido a muita gente (que, provavelmente, achou terem sido suficientes as lágrimas vertidas por altura do espectáculo do Coliseu) e, no entanto, é um testemunho espantoso de vitalidade e lucidez criativa. Gravado entre Novembro de 82 e Abril de 83, com arranjos repartidos por Júlio Pereira, José Mário Branco e Fausto (concebidos, em boa parte dos casos, a partir de ideias de Zeca, como, de resto, aconteceu com a grande maioria das suas composições), constitui um verdadeiro olhar em volta, amadurecido e calmo, só possível por parte de quem viveu a vida com muita intensidade, com muita paixão. Uma autêntica viagem entre a utopia e o desencanto, é o que nos oferece Zeca Afonso neste álbum magnífico, onde é possível descobrir todas as memórias cruzadas dos tempos vividos, os desejos insatisfeitos, os sonhos. Onde pode descobrir-se, por exemplo, um dos mais belos poemas sobre o 25 de Abril («Papuça»), uma reflexão serena e quase existencial sobre o que se fez e o que ficou por fazer («Canção da Paciência»), uma certa angústia que não renega, antes reforça, tudo aquilo por que se passou («Eu Dizia»). E, também, a crítica acutilante («O País Vai de Carrinho»), o prazer dos sons e das novas experiências («O Canarinho»), a esperança que não morre («Utopia»). Um disco ao nível dos melhores, capaz de sobreviver aos tempos e às fronteiras."

É isto. Resta acrescentar que a capa é assinada por José Santa-Bárbara. O interior mostra José Afonso com o seu gato Serafim, fotografado por Alexandre Carvalho, em ambiente informal e muito descontraído. Sente-se uma respiração intensa e há um soar de tristeza e esperança que se revelam em simultâneo. É o que eu sinto.

Marvila vai estar em festa. O lançamento é lá. A audição também se faz nas plataformas de streaming mas eu, sempre gostei de olhar e colocar nas aparelhagens estes objectos de prazer. 

Apresentação de COMO SE FORA SEU FILHO. !8 de junho. 18:h30. Biblioteca de Marvila.

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domingo, 15 de junho de 2025

Porque será que meus olhos tanto necessitam

de ver mar ao longe?
Ou pelo menos a água
de um rio
para aí cheirar a sua raiz
Se calhar foi por tanto apetecer o azul
da água ao longe
que meus olhos são claros
e por tanto amar o mar
que meus desgostos
se tornaram destemidos e salgados
e têm
o voo a pique das gaivotas
e o grito ácido
dos pássaros marinhos
Teresa Rita Lopes. Afectos. Lisboa. Presença, 2000

RESISTIR!



"Perante uma situação que se vai agravar, continuar abril neste momento é Resistir", diz o militar de Abril Pezarat Correia no final da sua intervenção. Maria do Céu Guerra alertou para o perigo que corremos com a informação entregue aos canais de televisão, que entrevistam o criminoso que atacou Adérito Lopes, que se justifica na televisão como se estivesse a passear pela avenida. Destaco três figuras antifascistas presentes: Helder Costa, Maria do Céu Guerra e
Pedro Pezarat Correia. Três figuras antifascistas que honraram com a sua presença esta manifestação. Helder Costa, figura marcante do Teatro em Portugal, fundador do grupo de Teatro A BARRACA, acompanhou este encontro a partir das varandas do teatro. Realço a postura digna de todos os presentes, mas também as reportagens das televisões: gravações aéreas, por drone, logo no inicio da manifestação, mostrando ainda muito pouca gente, e também as perguntas perfeitamente imbecis dos chamados jornalistas. O português usado é de uma imbecilidade confrangedora, a manipulação da informação é gritante. Pezarat Correia tem razão: é tempo de resistir.

Não



Não queremos ter medo. Queremos trabalhar. Queremos pensar livremente. Não queremos quem só pensa em odiar. Não queremos que a Arte acabe. Os nazis são criminosos. Os 60 deputados fascistas que vegetam no parlamento incentivam o ódio à Arte. Fazem-no com boçalidade oportunista. Ventura é um escroque. Vamos dizer não. Não, não podem crescer mais.

sábado, 14 de junho de 2025

Regresso ao teatro






O JUIZ DA BEIRA | O texto é de Gil Vicente. Aborda a complexidade da justiça. Quem julga melhor? O povo ou o Estado? Gil Vicente esteve muito à frente do seu tempo. Conhecem o estilo, não é verdade?

A peça foi posta em cena pelo TAS em março de 1984. O encenador, Duarte Victor, convocou-me para fazer toda a imagem: cenografia, figurinos e design de comunicação. Para catálogo sugeri fazer uma banda desenhada. Foi a primeira e última vez que me deu para isso. Fiz uma pintura mural cenográfica que aludiu a um ambiente rural pós-medieval e os figurinos também, apesar de com uma olhadela para o trabalho de Loustal e Bruegel. Inspiração e reconhecimento. Os desenhos do guarda-roupa foram interpretados por uma grande senhora da área: Amélia Varejão. Foi ela que costurou todas as roupagens. Actores e actrizes: Carlos Rodrigues (Manel Bola), Asdrúbal Teles Pereira, Gil António, Isabel Ganilho, Manuela Couto, Maria Simões, Nuno Melo e Pompeu José. A música foi concebida pelo Carlos Curto e executada pelos D'isto e A'aquilo. A adaptação da dramaturgia pertenceu a Mariano Gonçalves. Técnicos: António Piçarra e António Rosa. As fotografias aqui publicadas são do Pedro Soares.
Trago para aqui este assunto porque estou neste momento a trabalhar com o TAS e com Duarte Victor, em outra peça que é uma repetição por esta companhia: "Os Três Fósforos", de Teresa Rita Lopes. A primeira representação foi em 1978 e foi encenada por Carlos César. Quem tratou da imagem na altura foi Asdrúbal Teles. Também trabalhei com Teresa Rita Lopes numa publicação sobre Fernando Pessoa que ela coordenou literariamente e eu graficamente. Trabalho que foi encomenda do Centro Nacional de Cultura no tempo da minha querida amiga Helena Vaz da Silva. O texto de "Os Três Fósforos" é incrível na interpretação que faz dos sentimentos de liberdade de quem a perdeu. Texto belíssimo.
Enfim, mas sobre o que vai acontecer falamos mais tarde. Para já ficam estas recordações. Que são boas e nos fizeram crescer melhor. Até já.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Conversas com som e imagem


Não falamos de estórias da carochinha, quando falamos com Ana Lua Caiano. Falamos de imagens e sons que nos fazem crescer com a noção da realidade que nos cerca. Quando vivemos de olhos bem abertos, ficamos mais preparados para circularmos pelos caminhos minados de maus sons e más imagens. As estórias da carochinha resvalam na couraça da nossa indiferença e esbarram na nossa percepção das coisas que, não sendo a perfeição (Será que alguém sabe o que isso é?), é com toda a certeza o que nos permitiu evoluir. Ana Lua Caiano evoluiu bem. Isso percebeu-se nesta conversa que manteve com o João Francisco Vilhena. Percebemos que tem para nos fornecer muitos sons e imagens únicas e sofisticadas. Sim, a sofisticação, a Arte, são percepções originais e únicas quando concebidas com esclarecida e documentada autenticidade. Parabéns, Ana Lua Caiano.

Aconteceu no dia 12 de junho/2025.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Superiores conversas


Há conversas de ocasião, sobre o tempo, sobre o dia de ontem, sobre a saúde e a falta dela. E depois há conversas que nos remetem para o princípio das coisas. As palavras que ilustram o que olhámos pela primeira vez, e o que nos ficou retido na memória. Nelson de Matos, que nos deixou agora e que nos deixou tanto para olharmos e lermos, falou nas "Giestas da memória". Tanta imagem que fica enleada nos nossos pensamentos. Tanta vivência ilustrada por memórias que ficam e se recomendam. Outras não, mas essa é outra conversa.

Ana Lua Caiano tem com certeza boas memórias visuais, isso percebe-se na sua obra musical, tão recente mas tão consistente. É ela que vai estar à conversa com o João Francisco Vilhena, na próxima quinta-feira, às seis e meia da tarde, na biblioteca da Sociedade Nacional de Belas Artes. A sala é grande. Cabemos lá todos. Até lá.

Isto não pode acontecer

Querem ficar "orgulhosamente sós", como defendia o seu guru Salazar. Portugal só para os portugueses, como se fossem eles os únicos portugueses sérios e de bem. O ódio a quem não é como eles cresce e agride.

Há já muitos anos mataram Alcino Monteiro em crime racista de "apuramento da raça". Agora insultaram e agrediram o actor Adérito Lopes — que teve de ser hospitalizado — interromoendo assim a peça em cena n' A BARRACA. Estes energúmenos, agora com ampla representação parlamentar (ou ainda acreditamos que estes grunhos surgem das pedras?), usam o terror como estratégia. Claro que não vamos para dentro a estremecer de medo mas, caramba, ainda vivemos em liberdade e em democracia. E queremos continuar assim. O sistema democrático (esse grande atropelo para os intentos do líder do partido fascista no parlamento) protege-nos legalmente desta corja. Racismo tem de se crime. Fascismo não é opinião - é crime.

E é verdade que existe um problema sério de segurança nacional. Esse perigo chama-se extrema-direita e está dentro do partido Chega e revela-se nestas acções dos seus seguidores criminosos .
Lembremos Alcino. Solidariedade com Adérito.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Recordar é viver

 “Hoje eu tenho de sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas”Aníbal Cavaco Silva, então Presidente da República Portuguesa, no dia 10 de junho de 2008. 

ORGULHO RACISTA | O partido fascista bem podia pendurar o retrato deste fundador das ideias frustes nas paredes das suas sedes. A ignorância ilumina-os. A estupidez engrandece-os. 

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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Com a vossa permissão...

Fotografia DR
Assisti à sua jubilação, na Universidade de Lisboa, em dezembro de 2024. O discurso de despedida não foi um adeus, foi antes uma assertiva interpretação do que estava para vir. Senti a emoção e o entusiasmo na sala. Os discursos de António Sampaio da Nóvoa são vibrantes de emoção, porque são rigorosos de conhecimento e razão. Cita os melhores e aponta sugestões e caminhos. Nunca clama por autoridade ou restrições à cidadania. A Liberdade é o mote. Sempre. Aponta a Cultura como um trilho exigente mas possível de percorrer. Das suas ideias relevam-se a tolerância, o conhecimento, a participação cidadã. Nas suas palavras todos cabemos. Todos percebemos a extrema importância da educação. Todos vivemos o rigor do trabalho. Todos sentimos a liberdade e a inteligência.

Já foi o meu candidato. Voltaria a apoiá-lo. Percebo que não se queira misturar com os já anunciados candidatos de plástico, permitam-me a arrogância, mas acho mesmo isso. Mas era a maneira de nos sentirmos com representação na labuta eleitoral. Se somos muito melhores do que eles, qual a razão de não propormos os nossos melhores para nos representarem? Os candidatos egocêntricos de pechisbeque têm que ser confrontados pela inteligência e pelo rigor intelectual. A política exige-o. A democracia recomenda-o. Vamos pensar nisto?

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Das comadres e das verdades

Trump zangou-se com Musk. Que surpresa. Mas então não é o liberalismo económico o motor destas amizades? Não é a economia a causa que os move? É, claro, as suas economias pessoais. Musk não concorda com atropelos às suas regras económicas. Trump é um fanático das energias fósseis. Musk é um fanático do seu próprio poder económico. A coisa tinha que correr mal. Mas confesso que o nível da contenda foi além da minha imaginação. É que falamos de gente que controla o país mais poderoso do mundo. Os "argumentos" chegarem ao nível de convívio em casa de alterne é, apesar do nível a que esta gente nos habituou, tão rasteiro que incomoda os mais tolerantes e permissivos. Toda a gente sabia das práticas sexuais de Trump. Trump não é um devasso apenas; é um predador sexual e um corrupto financeiro. Um escroque. Trump e Musk são comadres zangadas, mas muito mais rascas do que as envolvidas nos enleios que até aqui conhecíamos. São bandidos em disputa. A extrema-direita é mesmo assim. Os fascistas no poder são assim.

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Está aí alguém?

Tivemos durante muito tempo candidatos a candidatos. Agora já temos candidatos a sério, mas essa certeza não garante que esses candidatos sejam sérios. Todos, com excepção de Seguro [enjoado, mas verbalmente bem comportado), dão erros até a falar ou simplesmente "a dizer coisas". Desde "cidadões" até irem "de encontro", todos, excepto Seguro (enjoado, mas pronto), atropelam a gramática indo frequentemente "de encontro" não se sabe bem ao quê. O fascista boçal e alarve é sempre o candidato a tudo e ostenta muito apoio popular, nem que para isso tenha que reforçar as promessas de salvação com uns achaques de ocasião. Vale tudo, para iludir incautos.

Algo de novo paira no ar eleitoral. Desde que a hipótese do almirante surgiu que regressou também a ideia do "respeitinho é muito bonito". Qualquer reparo nas inabilidades verbais ou nos erros de interpretação do que é uma democracia política por parte do candidato, é logo classificado de má educação por alguns atentos seguidores do esbelto e atraente militar. Está instituído que temos que nos render ao "charme" do candidato militarista, e esquecer os graves disparates que debita. A vocação que esta gente tem para andar a "toque de caixa". Grandes doutores com altas classificações académicas e militares de altas patentes estão no terreno, portanto. O fascista foi imposto por Deus e representa-O aqui no rectângulo. Respeitinho. A mediocridade verbal — e mental , já agora — e a incompreensão das ideias de viver em sociedade e das propostas culturais não são para levar a sério. O que interessa é que gostam de "Deus, Pátria e Família", e polvilham o discurso com o incenso salvador da trilogia sinistra bem portuguesa dos três éfes (vocês sabem do que se está a falar). Vivem bem com pouco. "Pobrezinhos mas honrados". "As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha". Provavelmente é melhor assim. Perante um governo que convive culturalmente com apologistas do descarado plágio e da cultura p'ra pular, e que parece estar para durar, um Presidente sem ideias, ou com a cabeça inundada de "ideias de merda" (os adeptos do almirante de água salobra que me perdoem a linguagem) tem mais condições para aconchegos políticos de ocasião. Quem quer cultura que a compre. O ministério foi acrescentado por outras distracções. O novo liberalismo não alinha em conteúdos pouco ou nada lucrativos. Deus lhes dê protecção, que nós andamos com pouco vagar para fantasias.
Nenhuma destas criaturas vai ter imagem impressa na minha camisola. Sinto um profundo desprezo pelo fascista: é insolente, apologista da ignorância mais obtusa e defensor da severa autoridade. Não é admissível em democracia, nem suportável em sociedade. Os fascistas combatem-se, não se suportam. Os outros também não suporto assim muito bem, mas pronto, que circulem e conversem. Falou e andou, e logo se vê quem ganhou.
Mas, atenção, é preciso termos alguém. Aguardo o candidato que possa unir a Esquerda e que afronte, na segunda volta, o militar salvador que despreza a política. Pelo menos ficamos a saber com quem contamos. Precisamos de recuperar o entusiasmo. "Seremos muitos, seremos alguém", como escreveu e cantou José Afonso. Está aí alguém ao fundo?