domingo, 11 de maio de 2025

Miguel de Castro



MIGUEL CASTRO faria 100 anos este ano. Claro que é da mais elementar justiça evocar a data recordando a sua poesia. O Poeta morreu no dia 17 de maio de 2009. Vamos recordá-lo no próximo sábado na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal. A Fátima Ribeiro de Medeiros está ao comando deste barco. Eu estou na fase do grumete. A embarcação sai do porto no próximo sábado. E, lá mais para o fim do ano, iremos publicar a sua obra completa.

Miguel de Castro foi um poeta de primeiro plano. Autor de obra curta mas de consistente percepção das realidades literárias. Um contemporâneo atento às surpresas dos novos poetas, possuidor de uma intensa e cativante cultura clássica. António Osório, David Mourão Ferreira e Fernando J. B. Martinho consideravam-no um poeta dos sonhos eróticos. Do corpo e do desejo. Os seus últimos livros foram por mim editados na Estuário: Terral, 1990 e Sonetos, 2002.
Para que se perceba que o que aqui digo não é mentira, proponho que confirmem lendo este texto de Terral. Podem lê-lo em voz alta. É assim que se percebe a música da poesia:
Foi o sol na brancura do teu rosto?
Foi o vento no sul dos teus cabelos?
Foi o rebanho dos meus dedos frios
perdido entre as dunas do teu peito?
Apenas isso ou, vagarosa, a mão
subindo na desordem dos joelhos?
Foi outra vez a chuva no verão.
Foi, no lugar da mão, a tua boca.