É uma peça de teatro que conta histórias das pessoas que faziam a ditadura estremecer. Situações de denúncia e militância política entusiasmaram os associados nestas colectividades, onde a resistência ao fascismo era a programação cultural. No distrito de Setúbal abundavam.
José Afonso circulava de terra em terra em sessões de esclarecimento sonoro, chamemos-lhe assim para facilitar. Em Setúbal foi um dos fundadores do Círculo Cultural (na altura instalado na avenida 5 de Outubro e posteriormente na casa que é hoje a Casa Da Cultura). O Círculo fez cócegas ao fascismo. A PIDE andava sempre por perto. No Barreiro também fervilhava a actividade colectiva. Eram contadas as mais incríveis histórias de corajosas sessões decorridas nos ambientes barreirenses. Muito devemos a esta gente. Claro que nem todos se apercebem destas coisas. José Afonso apercebeu-se: "Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber", escreveu e cantou. Esta peça relembra e homenageia as pessoas que viveram e deram por isso.Tiveram a coragem de resistir. Resistir com inteligência e alegria. Sim, lutamos pelo direito à alegria, contra a tristeza fascista.
A peça é uma criação de Isabel Mões e vai estar em cena nos Penicheiros nos dias 31 de Maio e 1, 6, 7 e 8 de Junho. O título parece desafiar o crescimento dos que querem que tudo ande para trás. Não é uma proposta de recuo, é uma interpretação de um passado que não queremos que regresse. O futuro não pode ser tão sombrio.
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