quinta-feira, 10 de abril de 2025

Operação Crivos

Ventura protegia os seus clientes enquanto jurista. Defendia-os dos impostos excessivos. No partido rasca que dirige não está sozinho. Outros deputados do seu partido não concordam com as quantias que os impostos solicitam. Não pagam. É uma maneira de reagir contra esses excessos. Tudo feito pela justiça pessoal de cada um. Ninguém gosta de pagar impostos tão altos, não é verdade?


A dirigente que pôs uma senhora já falecida a assinar papéis também o fez por uma boa causa. Quem teve uma vida não merece ser esquecido e cancelado só porque morreu.
Quando o líder do balcão da tasca agride colegas de jogo da bola dos filhos, porque os filhos não os superaram, estamos a assistir a amor de pai. Pai é pai, e um pai assim. é o melhor pai do mundo. Porrada nos putos que se atrevem a ganhar aos filhos de pais que são gente de bem. O mesmo líder diz também que se matassem mais uns quantos africanos daqueles que deviam era de ir para a terra deles, as coisas andavam muito melhor.
Aquele rapaz que atropelou um jovem só o fez porque estava bêbado. Tem desculpa. Mas que democracia é esta que não permite que um gajo beba só mais um copito para a viagem?
Já o pedófilo... Aquilo aconteceu. Pronto. Não volta a acontecer. E até pagou ao rapaz que o seduziu. Provavelmente aceita de boa vontade a castração química proposta pelo seu líder.
O homem que subtraía malas a outros viajantes, também era para colaborar contra os excessos de bagagem que estes turistas insistem em carregar. Vendia o material confiscado por preços acessíveis, dando assim oportunidade a outros de terem produtos já usados mas em bom estado. Ora, esta reutilização é atitude de grande altruísmo.
Estamos perante um punhado de bons rapazes cheios de boas intenções. Todos os ocupantes da tasca que se instalou no lado extremo direito do parlamento pensam desta maneira ajustadora contra a corrupção. Ventura mente e acusa sem freio porque quer fazer valer esses excelsos valores. E o seu povo dá-lhe razão. Ele até já diz que nós, os que defendemos a democracia representativa e o Estado de Direito, somos inimigos do povo. O povo vencerá, se derem a oportunidade ao aldrabão e aos meliantes de feira que o adulam. Os vossos algozes representam-vos. Bem podem limpar as mãos à parede.
Outrossim: agora surgiu para aí uma notícia que denuncia o militar que quer ser Presidente: também tem, para associar às suas já conhecidas e elevadas qualidades de ajustador da democracia dele, um negociozinho que não quer assumir como seu. Se no futuro próximo tivermos o garboso almirante como presidente e o homem das empresas de Espinho como chefe do Governo, vamos ter representantes institucionais e pêras, com um Governo que cairá de maduro para entretenga do partido fascista. O original supera sempre a cópia. Depois dos recentes exemplos estrangeiros, em que lugares de grande relevância são ocupados por gente com tamanha qualidade política e moral, tudo é possível.