A retórica é fastidiosa. Retiro da conversa da treta o que me esclareceu melhor sobre o carácter do ex-almirante para além da lustrosa vaidade disfarçada de bonomia forçada. Sandra Felgueiras refere declarações suas anteriores para introduzir o tema "serviço militar obrigatório": "Iremos defender a Europa até morrer", interrompe com um sorriso de orelha a orelha: "isso é uma evidência". Foi um dos momentos felizes, que lhe ornamentou com um luminoso sorriso a face austera de militar ajustador.
Sobre a eutanásia, é "pró vida", percebendo-se que não percebeu nada da lei em questão. E sobre a lei de interrupção voluntária da gravidez respondeu: "esse assunto está resolvido na sociedade portuguesa". Não respondeu, portanto. Porque o assunto vai voltar quando tivermos os ferozes fascistas em guerrilha "pró vida" no parlamento. Concluindo: ser "pró vida", quando a vida ainda não existe, mas defender como "uma evidência" a morte de jovens em guerras decididas por militares e políticos defensores das suas próprias orientações políticas, revela muito do pensamento deste candidato a Presidente de todos nós. Meu candidato não é seguramente, e espero que continue a espalhar-se ao comprido nos debates. Nem todos estamos rendidos aos "argumentos" desta gente convencida que vai salvar Portugal. Vão lá salvar quem os fez, e deixem-nos em paz.
A entrevista aconteceu na estação de serviço televisivo que é pertença de um dos seus mais descarados apoiantes. Já tem TV oficial de campanha, está na cara.
facebook