domingo, 31 de dezembro de 2006

Já passou


A invasão do Iraque foi o acontecimento mais relevante, em temos internacionais, no ano que hoje termina. Um ano marcado, já na recta final, pelo fim físico de dois ditadores. Um, Pinochet, morreu na cama sem perturbações judiciais. Outro, Saddam Hussein, é condenado e mandado para o cadafalso quase de imediato. Ainda por cima em tempo de celebrações da sua Fé. Somos assim levados a crer que é a vontade do poder americano que dita as regras. Os Estados Unidos apoiaram Pinochet contra os seus inimigos, à época. Também apoiaram Saddam quando isso deu jeito contra o Irão. O homem do Iraque deixou de ser útil e passou a ser perigoso — paga com a vida essa traição. O tirano de Santiago do Chile sempre se portou a par das ordens da Casa Branca, sem oscilações — morreu descansado.
Dois pesos e duas medidas para uma tendenciosa avaliação do que é a Justiça.

Cá na terra a coisa está a correr bem para quem decide. Nas eleições presidenciais, o que aparentemente poderia parecer adversidade transformou-se em concordância profunda. Não há nada que indisponha Cavaco contra Sócrates. Juntou-se a fome com a vontade de comer. A oposição de direita ficou sem assunto e deixou de existir. A de esquerda foi para a rua. Mas o ruído parece não incomodar quem governa. No próximo ano é que vão ser elas. Que é como quem diz: vamos lá a ver se este é o caminho ou se as reformas não passam de experiências mal sucedidas. Resultados precisam-se.

Na Cultura não estamos nada mal. Espectáculos, exposições importantes e acontecimentos relevantes não faltam no país. O fim da Festa da Música não passa de um percalço. Mais lamentável foi a tomada do espaço de exposições do CCB pelo comendador das colecções. As cedências foram excessivas, na minha opinião.

Regionalmente estamos mal, muito mal. Nas cidades em que me movo, Setúbal e Lisboa, reina a maior inércia.
Lisboa está entregue a uma coligação de direita, não se percebendo muito bem se ainda existe ou não.
Setúbal está simplesmente mal entregue. Os autarcas nomeados para substituir Carlos de Sousa não têm estrutura política nem competência técnica. É gritante. Os suburbanos que dominam a Câmara Municipal confundem atitudes políticas com ataques pessoais. Contra isso, nada a fazer. Resta-nos aguardar a hora em que se possa fazer qualquer coisa para os mandar dali para fora.

Noutro plano dos regionalismos, é provável que 2007 seja o ano da independência da Madeira.

Depois há os apitos: os dourados e os que são comprados para apitar jogos. Também há uma "literatura do apito". Carolina Salgado é o nome da escritora que, apenas com um título, já vai em dez edições. O estilo promete. Em relação a este assunto fico por aqui. Como não vou em futebóis, desejo o melhor para Maria José Morgado. Se ela não conseguir domar a malta da bola, não sei quem o conseguirá.
Vamos ver.

Renovo votos de um bom 2007.

Robert Rauschenberg Imagem

sábado, 30 de dezembro de 2006

Morrer na estrada

O ex-ditador está morto. Saddam foi enforcado ao romper da manhã.
As reacções à decisão do tribunal iraquiano não se fizeram esperar.
Bush não perde uma oportunidade para exibir as suas naturais limitações. O cromo mais poderoso do mundo chama justiça a esta estupidez.
A violência alastra: o dia de hoje foi um dos mais mortíferos desde o início da contenda.
O Vaticano já condenou. O mundo árabe está em polvorosa.
A eliminação física, decretada por quem está no momento da decisão na mó de cima, é sempre uma condenável prepotência.
A morte não parece ter sido solução. Não resolveu nada. Agravou a situação. Infelizmente continua a morrer muita gente no Iraque. Não foram condenados, nem condenaram. Morrem pelo caminho.

2006 | 2007


Este ano está a dar as últimas. O próximo já está em posição de arranque. Não se espera uma grande velocidade na pista da resolução de todos os males. Por um lado será melhor assim: todos sabemos que as pressas dão em vagar. Mas, por outro lado, já aborrece este passinho miudinho. Esperemos que 2007 nos dê um vigoroso empurrão que nos precipite para largas passadas. Há-de ser difícil, mas a primeira folha do calendário sempre vai permitindo o sonho, e, em tempo de recomendações e desejos, não custa nada pedir que os sonhos se concretizem. Um poeta disse: o sonho comanda a vida.
Podemos acreditar na poesia. Ou não?
Bom ano de 2007 para todos.
David Hockney Imagem

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Mau exemplo

Não somos nada exemplares. Agora foi a própria Europa a dizê-lo.
É desmoralizador. Mas há diagnóstico. O Fernando Sobral, no Pulo do Gato, diz o que pensa desta moléstia. E eu estou com ele.

Lei das Finanças Locais


Lá por ser constitucionalmente aceite não quer dizer que seja uma boa lei, garante Fernando Ruas, presidente dos autarcas portugueses.
É como o Poder Local Democrático: é eleito e é local, mas como Poder não é grande coisa.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Mau negócio


Saddam Hussein desfez-se da máscara de tirano e prepara-se para vestir o figurino da vítima. Está pronto para morrer pelo Iraque, diz com prosápia. Lá, na nação árabe, as manifestações de unidade em redor do ex-ditador sucedem-se.
Bush e os guerreiros aliados conseguiram esta suprema proeza, digna de personagem de Pirandello: um déspota transforma-se, com certificado de resistente ao invasor, em mártir do seu povo. O regozijo da administração americana contradiz a sua fraqueza. O conflito não tem fim à vista. Surgem os mártires de referência. É uma espécie de merchandising da guerra. Mas, este negócio não é bom para as forças aliadas. Nem para as forças aliadas, nem para ninguém.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Justiça divina

Foi confirmada a condenação de Saddam. O dia da morte do ex-presidente do Iraque será histórico, diz a liderança americana. Decerto não será por assim se decidir o fim da guerra, mas sim por assinalar mais uma etapa no desenrolar do conflito. O deus do ex-ditador iraquiano perdeu esta jogada contra o deus de Bush. Daí a alegria lá para os lados de Washington. Nesta competição entre justiças divinas há derrotados evidentes: os que caem mortos, todos os dias.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O azar da sorte

A igreja católica, pela voz do seu representante máximo em Portugal, aproveita a data atribuída ao nascimento de Jesus para criticar quem se preocupa com a prática do aborto clandestino.
A igreja católica é assim: aproveita o que for preciso para dar valor à vida. Os abusos sexuais a menores (muitas vezes praticados por padres), ou a prática da caridade redentora, apelam a este valor fundamental. A vida é um direito de todos. Só que há uns que nascem com pouca sorte. Azar deles, não é verdade senhor cardeal?

Olá cá estou eu


Somos uns pimpões na troca de comunicações celulares. Nos últimos dias deu-se um autêntico festival de comunicações móveis.
Os portugueses gastam balúrdios em mensagens de telemóvel.
Cristãos e não-cristãos são possuídos por uma súbita vontade de desejar felizes festividades a familiares, amigos e conhecidos, nesta época. Ajudam-se assim as milionárias operadoras que gerem o negócio como querem, sem qualquer preocupação em prestarem um bom serviço. Cada vez estamos menos uns com os outros. Preferimos comunicar escondidos atrás do objecto portátil. As empresas do ramo agradecem.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Noite de gula

O Natal é quando um homem quiser? Não estou muito de acordo. É mais enquanto houver comezaina na mesa. A comemoração exige um apetite devastador. Eu, que até não sou crente, estou gastronómicamente preenchido. Imagine-se se levasse isto a preceito!

domingo, 24 de dezembro de 2006

Noite de paz


Noite de Natal. Comemoramos o nascimento do deus-menino, diziam-me em menino. Cresci. Hoje não passa de uma oportunidade de estar com a família que vejo com pouca frequência durante todo o ano. Isso é bom. E não me incomoda nada se o motivo é o nascimento do tal menino.
Come-se qualquer coisa, bebem-se uns copos, abrimos as prendas e pronto, amanhã cá estaremos para recomeçar tudo de novo. Terça-feira tudo voltará à normalidade. Sim, o Natal não passa de uma enormidade consumista e de uma alarvidade gastronómica, mas gosto deste excesso. Bom Natal para os cristãos e simplesmente boas festas para os que não o são. Passem uma noite agradável, todos.
Josefa de Óbidos Imagem

sábado, 23 de dezembro de 2006

Do fundo do coração

Agradeço as muitas mensagens de solidariedade que me foram enviadas. O encerramento dos comentários não é uma vitória dos trogloditas que proferiram insultos. É apenas o meu comodismo que me impede de perder tempo com gentalha pérfida.
O agradecimento estende-se aos que assistiram à falta de decoro com que a presidente da Câmara Municipal de Setúbal me respondeu na sessão da Assembleia Municipal. É verdade: não abordou o que interessava e ensaiou um ridículo auto-elogio. Ou seja, não respondeu a rigorosamente nada. Mas, assim se vê o nível dos autarcas em exercício na cidade do Sado.
Santana Lopes tinha razão: o seu azar foi a comunicação social ter feito alarido das trapalhadas. Em Setúbal isso não acontece. É essa a sorte de Dores Meira.
O estalinismo, hoje, até poderá trocar o agressivo bigode por uma simpática cabeleira loura. Mas a ilusão autoritária está nas faces que os adornos capilares enfeitam. O estalinismo morreu, mas a presidente nomeada para a autarquia setubalense ainda não percebeu.
O autoritarismo esconde a evidente incompetência. Enquanto esta gente estiver no edifício da Praça de Bocage, não tenciono mexer uma palha na cidade onde dei os primeiros berros após o nascimento.
Admito voltar a berrar, de alegria, no dia em que estas criaturas forem para os seus lares. Até lá, poderei publicar aqui comentários que me enviem. Eu, pessoalmente, não tenciono incomodar-me nem mais um segundo com o assunto. É ponto final, mesmo.

PS - Uma nota de simpatia para quem dirige os trabalhos na Assembleia Municipal: Odete Santos, Alberto Pereira e Hélio Bexiga. A cor partidária, mesmo quando desbotada, nem sempre retira o colorido a quem encara a vida e a politica com sentido de responsabilidade democrática e cultura humanística.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

No coments


Este blog deixou de ter comentários. Nos últimos dias choveram insultos a todos os colaboradores da casa. Não tenho vocação para polícia. E, enquanto não contrato a candidata do retrato, resolvi retirar os comentários de bestas quadradas que só usam o tino para incomodar. Isso dá um trabalhão. Essa gente não merece o mínimo esforço. Peço desculpa aos fregueses que contribuiram com opiniões civilizadas. Esses, podem continuar a passar por cá. Vamos recuperar a voz dos pacientes do blogoperatorio. Os insultos serão colocados de imediato no seu lugar: o lixo.
O e-mail está linkável ali ao lado - urgências.
Apareçam.

Dia Mundial do Orgasmo

Um dia feliz para todos.

Os Anjos de Meira

O país já esqueceu Setúbal. O despedimento de Carlos de Sousa e a nomeação de Dores Meira já não fazem notícia.
Tentei esclarecer ontem, na sessão da Assembleia Municipal, as ofensas que a presidente da Câmara contra mim arremessou, em sessão anterior.
O meu terrífico crime é não estar de acordo com a ideia bacoca de se andar à cata de padrinhos frustes para as escolas do concelho, e, pasme-se, atrever-me, como membro de uma associação de pais, a revelar publicamente opinião sobre o assunto.
A presidente da Cãmara fala sempre em tom de desafio. Começa por revelar a minha ignorância sobre o que está a acontecer em Setúbal. Estou enganado: o projecto não se chama padrinhos das escolas, mas sim estrutura-não-sei-quê onde se integram os padrinhos das escolas. O esclarecimento foi oportuno, confesso. Como pude viver até hoje nesta ignorância? Fiquei também a saber que cantores de feira são a grande novidade primavera/verão nas escolas da cidade. "Os Anjos", por exemplo, estão entusiasmados com os petizes setubalenses. Quanto ao resto, não percebi o que me vai acontecer. Estarei ilibado do hediondo crime? A senhora fica furiosa quando o alvo da fúria não está na sala: insulta, insinua, ameaça até com idas a tribunal. Perante o réu, a tempestade acalma.
Mas, a ameaça paira sempre no discurso da autarca: os artistas/padrinhos não vão gostar de saber o que penso do projecto, diz. Teme-se o pior. Pelo sim, pelo não vou encaminhar-me para Lisboa logo de manhâzinha.
Setúbal está mal entregue, é certo. Mas para este carnaval eu não me vou mascarar mais. Volto à noite, para dormir.
De noite, todos os gatos são pardos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Montra IX


Este livrinho é uma obra-prima. Em apenas cento e trinta páginas, Philip Roth aborda, de uma forma perturbante, o erotismo na velhice. Henri Miller já o fez, igualmente com maestria. Aqui, Roth confere-lhe contemporaneidade.

O Animal Moribundo é o título
Philip Roth escreveu
Fernanda Pinto Rodrigues traduziu
Henrique Cayatte tratou da imagem em colaboração com Rita Múrias
Mário Feliciano desenhou a fonte tipográfica
Manuela V. C. Gomes da Silva fez a revisão do texto
Dom Quixote editou
Preço de editor: 15,00 euros

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Montra VIII


aqui falei (em 6 de Setembro passado), destes objectos. Ajudam-me a proteger os livros enquanto são manuseados durante a leitura. São em pele, e vendem-se na Carmo e Trindade, no Largo da Trindade, mesmo em frente ao teatro com o mesmo nome. Também se podem comprar por lá outros artigos: malas, carteiras, porta-moedas, habitam este simpático espaço. Uma visita que poderá ser solução para o problema de prendas e prendinhas. Tudo concebido e fabricado em Portugal.

Setúbal

Amanhã, quinta-feira, terá lugar a Assembleia Municipal onde vou saber que mal fiz à presidente da Câmara.
Tudo isto é lamentável. É o preço que pagamos por sermos cidadãos e vivermos em democracia.
Até amanhã.

Amarte-ei até te matar

Não sou "cliente" do PSD. Nunca o meu voto serviu para delegar em dirigentes daquele partido qualquer tipo de governação (nacional ou regional).
Contudo, intriga-me a preocupação de muita gente com as manifestações de desconforto com a actual direcção. Não percebo. Será que se acha que devemos seguir cegamente quem se apresenta à nossa frente? Nunca nos enganamos quando fazemos escolhas? Não tenho nada a ver com a vida dos outros, mas, neste caso, estou com os militantes do PSD que se interrogam. Se calhar defeito meu: prefiro a interrogação ao agitar de bandeiras de pano ruim. Parece-me que quem condena o debate está de fora. Mas, quando se perfilam como alternativa à liderança Rio e Menezes, não é de melhoria significativa que falamos. Falamos, isso sim, do regresso da moeda má, como dizia o outro.
Ai, ai, que nunca mais partimos o mealheiro.

Montra VII


Este livro de Mário Vargas Llosa conta a história de um amor à beira da tragédia. A história de uma doce rapariga má que arrasta um jovem pelo terreno escorregadio de uma perigosa relação. De que se fala quando se fala de amor? Perguntava Carver. Fala-se de prazer mas também de dor. Fala-se de algo que não se consegue definir. "Muito padece quem ama", dizia uma canção popular recolhida pela brigada Victor Jara. Mais padece quem lê, direi eu depois de ter passado os olhos por este trabalho maravilhoso. De todos os livros aqui sugeridos, este é o que mais me impressionou. Um prazer e um sofrimento, também para o leitor.

Travessuras da Menina Má é o título
Mário Vargas Llosa pôs as palavras no papel
J. Teixeira de Aguilar traduziu para português
Henrique Cayatte tratou da imagem em colaboração com Rita Múrias
Mário Feliciano desenhou a fonte tipográfica
João Pedro George fez a revisão do texto
Dom Quixote editou
Preço de editor: 18,25 euros

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O apito de Maria José


Carolina Salgado é um fenómeno: figura nas primeiras páginas dos jornais e abre os noticiários televisivos. A editora que revelou os seus desabafos é próspera e influente. Carolina retribui a simpatia com um sucesso de vendas. Agora vai ser recebida pelo tira-teimas — Maria José Morgado.
Vencerá a novel escritora este desafio? É certo que o homem das Antas está mais habituado a ganhar campeonatos.
Mas agora a arbitragem é outra.

No fundo da sala

Somos os últimos entre os que já cá estavam. Entretanto, já fomos ultrapassados pelos três que entraram em 2004. Neste baile, ou acabamos sentados ao canto da sala, ou a dançar com a mais feia. Nada nos fará saltar na pista?

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Montra VI


João paulo Martins faz todos os anos uma viagem pela produção de vinhos nacional. Que é como quem diz, uma exaustiva prova das beberagens que por cá se vão fazendo. Este é já o décimo terceiro ano que publica este guia. Segundo a editora é o mais vendido em Portugal. É, de facto, muito completo e bem escrito. Um bom guia para quem não quer correr muitos riscos. inclui uma lista destacável para as provas diárias.

Vinhos de Portugal 2007 | Notas de prova é o título
João Paulo Martins provou e escreveu
Atelier Henrique Cayatte com Rita Múrias fizeram a capa
Eulália Pyrrait fez a revisão dos textos
Dom Quixote editou
Preço de editor: 16,65 euros

Um sopro na justiça

Maria José Morgado foi designada para resolver o imbróglio do "apito": o objecto que não é dourado por prestígio mas sim por dar brilho a sacanices várias.
A nova responsável pela investigação diz, com todas as letras: "Temos de apresentar resultados". Raramente isso tem acontecido. Esperemos que agora as coisas melhorem. E que este caso seja um indício para um melhor funcionamento da Justiça.
O "apito dourado", para dar o exemplo, precisa de um valente sopro.
Terá Maria José Morgado fôlego para esta empresa?
Esperemos que sim.

domingo, 17 de dezembro de 2006

As dúvidas do Presidente

Tinha de se dar um dia: Cavaco está com dúvidas. É a Lei das Finanças Locais que lhe desperta apreensão. Jerónimo de Sousa está com ele. Mas Jerónimo não tem a mínima dúvida: tudo deve ficar como até aqui. O controle regional, onde impera o partido dos "autarcas modelo", corre riscos. Os tais autarcas só funcionam com dinheiro. Com muito dinheiro. É um modelo caro manter este luxo dos autarcas exemplares. Seria um mau exemplo ceder a pressões dos Jerónimos e Jardins da vida regional.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Montra V


Ludovico Einaudi é músico. Pianista. Aqui ficam mais três trabalhos gravados. Una Mattina é um dos meus preferidos: um regalo para os ouvidos. Andam por aí à venda. É ouvi-los. Aposto que, quem não conhece, terá uma agradável surpresa.
I Giorni
LeOnde
Una Mattina
Preço aproximado: 18,00 euros

Montra IV


De Ludovico Einaudi, mais duas sugestões para o sapatinho.
Estes são os trabalhos mais recentes do músico italiano.
Boas audições.
Diario Mali com Ballaké Sissoko
Divenire
Preço aproximado: 18,00 euros

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Sexo, mentiras e futebol

Recorrentemente, o "desporto-rei" é ilustrado com "gordas" nos jornais. E, muitas vezes, são as mulheres dos senhores do futebol que engordam as notícias sobre a modalidade. Tudo está bem enquanto andam aos beijinhos e abraços. Salta a mão para a anca e a boca para o trombone logo que a coisa se desfaz. Há quem se queixe de uma descarada promiscuidade entre política e futebol. Falta uma bola para esse saco: sexo. Que tal convocarem-se especialistas em enamoramento e em comportamentos de incidência sexual para o grupo de magistrados que anda de roda destes casos?
Se calhar, gente com a estrutura de Francesco Alberoni e Júlio Machado Vaz, por exemplo, eram úteis ao processo.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Ricos e influentes

São ricos e poderosos. Posam para as revistas da vida airosa e povoam o trottoir empresarial. Os carros de esdrúxula cilindrada rolam sem modéstias. Não lhes falta nada. Nada? Bem, os impostos estão em atraso. As dívidas ao fisco deixariam sem sono qualquer mortal. Mas que importa tão mesquinha preocupação? O público da imprensa cor-de-rosa até perdoa os audazes. O que nos faz falar é a inveja. Sim, provavelmente é isso: temos inveja da baboseira armada ao pingarelho. Somos uns tansos inábeis. Uns indigentes sem farpela para o retrato social.
Eles são podres de ricos. É verdade: já cheira.

Montra III


Raul Miguel Rosado Fernandes escreveu um livro sobre o seu passado. Memórias pessoais e abordagens a uma época, vivida com tanta intensidade por muitos de nós, são tratados por uma escrita poderosa. Recomenda-se a quem não sofra de sectarismo primário, nem aprecie o politicamente correcto. Encontramos um homem amargurado com o rumo do mundo e desencantado com os seus pares. Uma vida contada de forma desinibida, excessiva por vezes, ou seja, pautada pelo exercício da determinação e da coragem. E não andamos nós fartos de meninos de coro bem comportadinhos?

Memórias de um rústico erudito é o título
Raul Miguel Rosado Fernandes escreveu
Cotovia editou
(Por sugestão do meu amigo Luciano Rocha, passo a mencionar o custo dos livros e discos recomendados)
Preço de editor: 28,35 euros

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Montra II


José Eduardo Agualusa reuniu vinte histórias anteriormente publicadas na imprensa. A maior parte na revista do Público, a Pública. Rescreveu-as para inclusão neste belíssimo livro. São contos para viajar: caminhos que se cruzam no nosso imaginário, sem destinos definidos. É um bom livro para "andar de comboio", por exemplo. Já o fiz e gostei desse prazer. A excelente capa foi fabricada por Henrique Cayatte e os caracteres tipográficos desenhados por Mário Feliciano. O Mário tem como ofício desenhar letras, e fá-lo muito bem. Tudo isto faz deste livro um objecto bastante atraente para fazer parte do rol de prendas da época. Mas também para regalo de quem presenteia, garanto.

Passageiros em Trânsito | Novos contos para viajar é o título
José Eduardo Agualusa escreveu
Henrique Cayatte tratou da imagem
Mário Feliciano desenhou a fonte tipográfica
Fernanda Abreu fez a revisão do texto
Dom Quixote editou
Preço de editor: 14,40 euros

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Poder Local... Democrático


Foi há trinta anos que tudo começou. O povo elegeu as pessoas que os partidos nomearam para o efeito. O Poder Local Democrático é uma grande conquista de Abril, dizem uns. Não partilho desse entusiasmo. O pior da vida democrática também passa por esta colectividade. Basta ouvir os autarcas que se gabam da acção do cimento puro e duro.
O argumento de que nada existia é curto. Como se passado tanto tempo tudo pudesse estar na mesma. O que cresceu a olhos vistos foi a especulação. Há mais casas do que portugueses, mas há centros históricos ao abandono. Se a isto adicionarmos a corrupção e o pato-bravismo galopantes..., ficamos conversados. Também há coisas boas, claro. Mas na relação qualidade-investimento, o resultado é fraquinho, muito fraquinho.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Argumentações


Elton John anda em cantorias pela Austrália. Um dia destes perguntaram-lhe se tinha alguma coisa a dizer ao primeiro-ministro.
O chefe do governo australiano é um firme opositor ao casamento entre homossexuais. O cantor é "gay" e casado. A resposta foi rápida e objectiva: "Na peida".

Fonte BBC

Em nome da lei

O arcebispo Ortiga decreta que, seja qual for o resultado do referendo, o aborto "continuará a ser crime". Declara também que a igreja católica é culpada pelo ateísmo, por dificuldades de comunicação.
Tudo seria facilitado se o ateísmo fosse considerado crime, por decreto.
Como isto era mais fácil no tempo em que os senhores da igreja ditavam o que era a justiça e a fé.

Rei pasmado

Duarte de Bragança fica espantado com a quantidade de gente que ouve o que ele diz. Uma das coisas que disse, em entrevista a Maria João Avilez, na SIC-N, foi que são entregues trabalhos de prevenção e combate a empresas que, se calhar, andam a atear os fogos que se propõem controlar. Disse isto com o maior à-vontade do mundo. Será que sabe algo que mais ninguém sabe? No meio de tanta futilidade, até passou despercebido. De facto, não se percebe como ainda há quem oiça o que ele diz.

E os outros?

Pinochet já lá está. Morreu velhinho. Ele que não deixou viver tanta gente. Mas o ditador não ditou as regras sozinho. Existe uma hierarquia da morte. Não foi ele que mandou disparar a pistola no momento das execuções. Os outros, os fazedores do regime, ainda lá andam. Era justo, em nome do direito que qualquer ser humano tem à vida, que fossem chamados à responsabilidade.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Já lá está


A extrema-unção deve ter provocado algum embaraço entre os burocratas da Fé. Mas tudo parece estar resolvido: a festa é noutro lado.
Os sacramentos fazem o que podem. A Santa Madre Igreja pode andar distraída. Mas "lá em cima" não deve andar tudo cego.
Esperamos.

Bandeira Imagem

Ironias

Alberto João Jardim ameaça Sócrates propondo mobilizar todos os descontentes com o Governo. O que é preciso é derrubar o executivo.
O Governo classificado por alguns sindicalistas como o mais à direita de sempre em democracia, corre o risco de enfrentar uma abrangente coligação liderada por trogloditas de direita. Ironia dos tempos que correm.

Nascido para mandar

Morais Sarmento não acredita em Marques Mendes. Também Santana Lopes, seu primeiro-ministro, não é galo para o poleiro que está a construir. Sarmento nasceu para mandar, mas ainda não recebeu a convocatória. Entretanto, vá de bater no ocupante do almejado lugar.
A teoria da incubadora está de volta. Só que o "pequeno" é outro.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Ai a tola

Não vou muito "à bola" com a malta da bola. Tudo aquilo é demasiado viciado e as negociatas secretas afastam-me. O desporto não anda por ali. Agora apareceu uma rapariga que escreveu um livro para arrasar um senhor da bola. A escritora Carolina resolveu abrir as goelas nos telejornais e a coisa até resultou: teve mais antena do que a candidata Ségonèle, por exemplo. Carolina parece não estar boa da tola, mas eu até vou "à bola" com o que ela diz. A senhora estará perturbada, mas não é difícil acreditar que quem não tem vergonha na tola são os senhores da bola.

Jardim volta a atacar

Agora desafia o Presidente para que dissolva a Assembleia Regional da Madeira. Cavaco já conhece este filme. Alcançou assim a maioria absoluta quando governava o País. Jardim quer jogar no tabuleiro que Cavaco conhece. O pior, para ele, é que o Presidente da República trocou de tabuleiro: as jogadas de Cavaco, hoje, são outras. Jardim terá que se convencer de que este jogo já perdeu.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Montra I


Nos próximos dias faremos a divulgação de objectos que poderão ser algumas ideias para presentes.
Para além de não esquecermos outras realidades, claro.
Primeira sugestão: Espremedor de citrinos de Philippe-Starck..

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Esclarecimento


Maria Cavaco Silva, esposa do Presidente da República, resolveu esclarecer-nos sobre o seu paradeiro político: "Sou de centro-esquerda", disse à Visão. Já tínhamos reparado na deslocação de Cavaco. Percebemos agora que, provavelmente, esse resvalar é devido a uma legítima combinação familiar. Não nos venham, portanto, com essas lamurientas lengalengas de que o Governo é de direita. O Poder em Portugal é exercido por uma saudável convivência de centro-esquerda. Já não há dúvidas.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Agora deu-lhe para leituras


Bush prometeu que vai estudar, "de forma muito séria", um documento que propõe uma mudança estratégica no Iraque. Parece que o homem resolveu ler qualquer coisa sobre o assunto. Como não se lhe conhecem hábitos de leitura, teme-se que o resultado de tão grande esforço só se conheça daqui por muito tempo.
Há quem diga que já anda a ter explicações de inglês.
Sempre é alguma coisa.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Mar agitado

Aos primeiros rumores temi o pior: Arrastão virou-se em Setúbal. Depois percebi que era o Mar Salgado que estava encalhado nas docas sadinas. Será que o Daniel se passou com a malta do mar? Ao mergulhar na notícia, tudo se esclareceu. Afinal, foi só um navio de pesca, com vinte e sete toneladas de gasóleo e quatro toneladas de peixe, que se virou.
Nem todas as más notícias acabam assim tão mal.

Mentirosos

Pinochet continua a enganar o Criador. Esta não foi a única extrema-unção que recebeu: já conta com umas quantas no rol. Diz que é a família que exagera na gravidade da enfermidade do ex-ditador, para o safar do banco dos réus.
Que família de mentirosos.

Fora com os empecilhos


Chavéz é de novo presidente da Venezuela. É populista? É. É brutinho? É. Mas os venezuelanos escolheram-no. Sem batota. Este borra-botas sem grandes maneiras venceu os pipis da tabela que só gastam do politicamente correcto. Se calhar, Rui Gomes da Silva tem razão: os intelectuais são uns empecilhos. São políticos como este que ganham eleições. Ora se a malta do PPD-PSD já tem um general desta envergadura, por que carga de água insistem em soldados rasos? Corram, corram ao Funchal e tragam-no. É gordinho: faz um bom boneco. Assim como assim, já está habituado a vociferar em todas as direcções. E é o dirigente político que consegue envergar mais farpelas tribais. Isso é um dom. Bem sabemos que isto não é a América latina. Mas pode ser uma ideia.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Fatalidade


Senhorios propõem acordos fora da lei. Sempre que se tenta dar seriedade a seja o que for, aparecem as fugas ao rigor. Rima e é verdade. É preciso é um gajo safar-se. Na terra do toca e foge cada um faz por si. Quando o edifício ruir, quem lá estiver que se amanhe. É a nossa sina.

Charles Sheeler Imagem

domingo, 3 de dezembro de 2006

Pecados extremos

Pinochet está moribundo. Já recebeu a extrema-unção. Presume-se que os pecados tenham sido perdoados. Nesta matéria, pecados e afins, o ex-ditador tem uma extensa folha de serviços. Longe de mim desejar o fim de alguém. Mas tendo confessado a responsabilidade no desaparecimento de cerca de três mil pessoas, e na certeza de que todos morreremos um dia, que a terra lhe seja leve... como o chumbo.

Arranja-me um emprego


Em Portugal o abandono escolar é preocupante. O país precisa de gente qualificada. Uma das formas de qualificar é promover o estudo, claro está. O resultado desse estímulo são as licenciaturas nas várias áreas profissionais. Mas entre os jovens licenciados quase 30% estão desempregados. Quem quer ser prior nesta freguesia?
Preso por ter cão, preso por não o ter.

Howard Hodgkin Imagem

sábado, 2 de dezembro de 2006

Má moeda

Gaia está a fabricar um novo líder para o PSD. Menezes convidou o santanista Rui Gomes da Silva para animar um concorrido jantar. O ex-ministro de Santana Lopes botou discurso: "Hoje, começa aqui uma nova etapa. Temos dois anos para preparar o que vamos dizer aos portugueses na campanha eleitoral". Disse ainda que, para além do que ganha eleições, há o partido "dos intelectuais, que não gostam de ir a almoços porque não gostam de estar com muita gente, dos que gostam de estar em S. Caetano (à Lapa, sede do partido). "Se calhar, há dois PSD", conclui. No jantar nortenho ninguém parece ter percebido que não é por aqui que o PSD vai lá. E o outro PSD, o dos intelectuais que não gostam de confusões, já percebeu o que tem a fazer? Uma coisa é certa: a má moeda de Gaia não vai entrar no mealheiro de Cavaco. Assim, desta maneira, o governo do Presidente vai continuar a ser outro. Pelos vistos, por muito mais tempo.

Bazar Utilidades

O Cardeal Patriarca de Lisboa diz que a Turquia pode dar "muito jeito" à União Europeia.
Finalmente percebemos a utilidade de Istambul para a velha Europa: electrodoméstico de uso prático.
Deve dar muito jeito para arrumar a casa desta família que cresce de dia para dia. Não se esqueçam é do talão de garantia. Também dá jeito tê-lo à mão.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Abate, já!

Hoje tropecei na árvore plantada na Praça do Comércio. Quer dizer: fiquei retido no trânsito da Rua do Ouro. Quem, por distracção, se mete por ali, está condenado a suportar uma bicha sem fim à vista (passava para lá do Marquês de Pombal). A parolada que ali circula resolve abrandar a marcha logo que assoma a dita "maior árvore de Natal da Europa".
Aquela coisa é horrorosa. Mas nós somos assim: como parolos somos logo candidatos a melhores da Europa. E do mundo, digo eu.