sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Mozart hoje


Como é evidente, hoje só faz sentido falar de Mozart.
Foi há 250 anos que nasceu um dos maiores génios da história da música.
É absolutamente indispensável não morrer sem ouvir "Don Giovanni", "As bodas de Fígaro", Cosi Fan Tutte", "Flauta Mágica", e mais os concertos para piano e orquestra, as sonatas para piano, enfim, um nunca mais acabar de fascinantes melodias, onde o rigor, apurado por um exímio conhecimento musical, nos transportam para os dias de hoje a beleza e o prazer, duzentos e cinquenta anos depois.
Mozart é eterno. A sua música ocupa um lugar da frente nas nossas vidas. Sentados nesse lugar viajamos pela expressão dos conflitos humanos, as lutas entre o ser e a consciência, tão bem retratados em, por exemplo, "Don Giovanni".
Mozart também anda por aí. E vai ser por muito tempo.
JTD

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Da República

Já tinha fechado a loja das eleições presidenciais, mas a crónica de hoje de António Mega Ferreira, na Visão, fez-me abrir uma gretinha da porta.
Diz assim na parte final do texto:

Poucos dias antes da votação, uma amiga minha que, provavelmente por ter vivido alguns anos em França, não consegue perceber como é que os eleitores podem preferir alguém a Mário Soares, enviou-me uma citação tocante e nostálgica, extraída do maravilhoso "Lorenzaccio" de Musset: "Façamos pois um esforço! A República, eis a palavra que nos falta. E mesmo que não seja mais que uma palavra, deve ser importante, porque os povos erguem-se quando ela atravessa os ares."
Estou certo que Mário Soares não deixará de apreciar esta citação.


Também estou certo disso. E também tenho a certeza de que ainda tem muito para nos dizer. Ainda por cima agora, que vivemos na era dos políticos que não o são. "Ficar calado? Antes o poço da morte que tal sorte", como diria o Sérgio.
JTD

Paula Rego 71



Comemoremos, pois.
RR

Paula Rego



Paula Rego faz hoje 71 anos.
Bom motivo para comemorações nacionais.
Se Portugal fosse a sério era isso que acontecia. Mas não é.
RR

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Cavacos há muitos...



Ora aqui estão quatro qualidades de cavacos.
É o que não falta para aí: cavacos, cavaquinhos e cavacões.
A música é frouxa e monótona. É mesmo maçadora.
Foi o que nos saíu na rifa. Agora é gramar e não calar.
Quem cala consente e não é filho de boa gente.

RR

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Quando dizer bem não faz sentido

Vazio
Não tenho ninguém para dizer bem.
Não acredito que Portugal vá ficar "maior".

Publicado por dizerbem em 22/01/2006. 10:49 PM


O nosso colega "dizer bem" ficou assim, neste estado, com a esperada vitória da direita.
Não vale a pena homem. É certo que Portugal não vai ficar maior com a entronização da encavacada criatura, mas também não acredito que fique do tamanho da sua própria cabeça. Portugal, tal como o mundo, não é só economia. Se eles não percebem isso, paciência.
Cavaco não nos motivará orgulho, mas estamos cá nós para contrariar a parolada de serviço. Ou não?!
JTD

Chove!


Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira Texto
Arpad Szenes Imagem

domingo, 22 de janeiro de 2006

Só mais uma coisa...

A cobertura do acto eleitoral por parte da estação de televisão SIC foi perfeitamente tendenciosa.
A constante aclamação de Cavaco por parte dos repórteres de serviço atingiram o mais perfeito ridículo.
Durante a campanha foi o que se viu. Mas hoje, a demonstração mais desbragada da posição da televisão de Carnaxide atingiu o auge. Assistimos a tudo: descrições dos interiores da casa do candidato possíveis de observar do exterior, soubemos os nomes dos familiares que já tinham chegado, a interrogação sobre a chegada ou não dos netinhos, o momento em que Cavaco acenou de dentro de casa, e que levou a criatura que ali estava, ao serviço da casa de Balsemão, ao rubro. Enfim, uma alegria.
O entusiasmo, note-se que antes das sondagens à boca das urnas, causou um justificado entusiasmo: é um como eles que vai ocupar Belém. É a hora dos toscos.
JTD

O tosco ganhou

E pronto, já temos um novo Presidente. O homem que instalou o pato-bravismo mais descarado em Portugal, foi recompensado pelo seu povo. Esperemos que a baboseira dos tios e das tias não volte com a profusão do passado. Já não estamos habituados.
Neste momento não tenho orgulho em ser português. Não digo isto a quente. Dificilmente mudarei de opinião. Não me vejo representado por um senhor sem a mínina curiosidade intelectual.
Pêsames ao povo português.
JTD

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Cavaquistãozinho

Ao ver as arruadas dos candidatos no Chiado, local de obrigatória passagem, verifico que Cavaco é o concorrente com menos maralhal à ilharga. Quer isto dizer o quê? Que Cavaco é eleito pelas sondagens escondidas em estranha maioria silenciosa?
Que apesar do favoritismo há apoiantes que não vão com a criatura a lado nenhum? Que a eleição é feita pela comunicação social?
Que em Lisboa não anda muita gente atrás dele, é verdade. Eu estava lá, mas passei ao lado, confesso que incomodado com a ruidosa aclamação. Grrrr...
JTD

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Grrrrrr...



Estou cá desconfiado que não vou meter aqui coisa nenhuma até domingo.
Não me apetece. A única coisa que me apetece dizer é que não gosto deste gajo.
Pronto, já disse.
Até um dia destes.
JTD

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Pietro Longhi | Eduardo Lourenço



Construir a Europa por irresistível pressão das forças económicas e uma lógica que é hoje planetária, como sonâmbulos, não é projecto que entusiasme ninguém. Uma utopia europeia assumida só é digna de ser vivida como vitória da Europa sobre a Europa, da ficção de si mesma que, consciente ou inconscientemente, tem condicionado o seu destino, contra a sua realidade. Em suma, do triunfo da sua sublime não-identidade sobre os fantasmas da sua alucinada identidade.

Eduardo Lourenço Texto
Pietro Longhi Imagem

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

O sol quando nasce é para todos


Anda aí um novo vizinho, cá no bairro. Chama-se O sol quando nasce. E já se sabe: o Sol quando nasce é para todos.
Apareçam por lá que vale a pena.
Até amanhã.
JTD

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Inverno | João Francisco Vilhena



Fotografias de João Francisco Vilhena vão estar a partir de amanhã em exposição no espaço de trabalho da DDLX Design.
Pretende-se com esta iniciativa mostrar o trabalho de profissionais que têm vindo a colaborar com o atelier.
João Francisco é o primeiro de uma série de colaboradores que, trimestralmente, vão mudar as paredes da nossa oficina.
Estão já agendadas mostras de André Carrilho (Ilustração), Maurício Abreu e Luísa Ferreira (Fotografia).
Um ano em cheio, com um elenco de luxo.
Apareçam quando quiserem. Estaremos para os receber de segunda a sexta, das 14 às 18 horas.
Para mais pormenores é ir ao nosso sítio. Há ligação aqui ao lado, nas clínicas do grupo.

O texto que se segue é da autoria de Maria João Cantinho e refere-se ao trabalho "Atlântico". O grafismo foi desenvolvido pela maralhal aqui da casa.
Até amanhã. JTD

As fotografias admiráveis de João Francisco Vilhena empurram o leitor para o interior da magia deste universo complexo e emaranhado de vidas, tecidas pela memória ferida e pelas cicatrizes escritas. Campos de futebol na praia, onde a vida parece ter sido suspensa e apenas houvesse a dimensão de uma imaterial temporalidade, pedaços de fotografias, registos de livros de hóspedes, figuras, rostos, olhares onde paira a ternura ou o desamparo, fragmentos de uma beleza avassaladora, são os registos impressionantes do seu olhar, de uma sensibilidade atenta ao pormenor, à vida íntima, ao saber que as coisas calam em si. Jogos de luz e sombra, fotografias de pegadas, mostrando o modo como a memória do andar se inscreve tão subtilmente nelas, a beleza estonteante de Florence Marly.

sábado, 14 de janeiro de 2006

Bom fim-de-semana


Jorge Martins Imagem

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

O que está em Portugal é dos portugueses

A polémica posta a circular sobre as utilizações de nomes de pessoas ou cantorias, por mero exercício de retórica eleitoral, provocaram alguma confusão em vários meios de comunicação. Discussão inútil? Penso que não. Vejamos:
Jerónimo não gostou que Alegre usasse Cunhal, em homenagem ao seu percurso como anti-fascista. É puro oportunismo por parte de alguém que sempre combateu as ideias do antigo secretário-geral do PCP, diz o actual dirigente comunista.
Também sobre Cavaco foram lançados cobras e lagartos pelo simples facto de ter cantado a "Grândola vila morena" quando se deslocou aquela terra alentejana, na companhia do tótó do presidente da câmara.
Ora o que está aqui em causa não é o direito de propriedade. Qualquer um dos casos referidos poderá ser apreciado por quem o quiser. E todos temos o direito de o manifestar. A expressão de afectos é livre. Poderemos ter a sensação que Jerónimo dispara na direcção errada ao insistir no alegado abuso. Perderemos o nosso tempo ao manifestarmos perplexidade acerca dos súbitos dotes de cantor de Cavaco. Mas uma coisa é certa: Nem Alegre alimentou, nunca, grande apreço pela personalidade de Álvaro Cunhal, nem Cavaco mostrou grande entusiasmo pela data de Abril em que foi utilizada a canção como senha para a revolta dos militares. Nas comemorações que assinalaram os 30 anos da revolução, limitou-se a revelar o seu enfado por causa da confusão que reinava no país, numa altura em que regressava de Londres e se preparava para se instalar na capital portuguesa. Também ninguém lhe reconhecerá, ao contrário de a Manuel Alegre, um átomo de admiração por José Afonso.
Estamos, portanto, em ambos os casos, perante puro cinísmo eleitoral. E isso não é bonito de se ver. Digo eu.
É claro que eles se podem manifestar, mas nós também, que diacho!
JTD

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Frida


O Centro Cultural de Belém vai ter uma importante exposição de Frida Kahlo a partir de Fevereiro.
Uma mulher apaixonada pela vida e pela pintura apesar dos tormentos físicos que a tolheram.
Uma grande mulher admirada pelos grandes do seu tempo: Picasso, Duchamp, Kandisky, Breton, entre outros, fizeram parte da sua corte de admiradores.
A pintura que produziu permanece viva junto de nós.
E mais junto vai ficar ainda a partir do próximo mês. A não perder.
JTD

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Almada Negreiros| Fernando Pessoa


Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa Texto
Almada Negreiros Imagem

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Júlio Pomar 80



O pintor Júlio Pomar faz hoje 80 anos.
Parabéns ao artista. Parabéns à Arte Portuguesa.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Ano Bocage


O meu amigo João Reis Ribeiro, em opinião publicada num jornal da região de Setúbal, interroga-se sobre o que aconteceu e não aconteceu no Ano Bocage. É cedo para um balanço, diz. E aponta os envolvimentos vários e as faltas.
Se houve envolvimentos, não dei por nada. Se calhar defeito meu. Mas mais provavelmente falta de articulação das actividades e amadorismo na divulgação. Não dei por nada eu, nem deram por absolutamente nada muitos dos meus amigos que ainda acreditaram que 2005 poderia muito bem ter sido o ano Bocage - Ícon cultural nacional. Pensarmos que tal não aconteceu parece-me óbvio. Mas culpar as instâncias culturais não resolve nada. O problema é político. Não houve vontade política, ou por ignorância ou por inércia. Das duas uma, ou então as duas em simultâneo. É que ainda estão para nascer, em Setúbal, políticos com vontade de contrariar a inexistência cultural na cidade. A cultura é um entretenimento menor. As acções que promovem, sem concepção de raiz nem alinhamento promocional, não trazem nada de novo. Não passam de actividades frustes sem público nem significado. O João, no mesmo artigo, alimenta a esperança de algo mais substancial acontecer aquando das comemorações do 250º aniversário do nascimento do poeta. A ver vamos. Até lá apetece-me gritar: "É a cultura, estúpidos!".
Boa tarde.
JTD

sábado, 7 de janeiro de 2006

Bom fim-de-semana


Andy Warhol Imagem

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Antoni Tàpies | Fernando Pessoa


Sou o Espírito da treva,
A Noite me traz e leva;
Moro à beira irreal da Vida,
Sua onda indefinida

Refresca-me a alma de espuma...
Pra além do mar há a bruma...

E pra aquém? há Cousa ou Fim?
Nunca olhei para trás de mim...

Fernando Pessoa Texto
Antoni Tàpies Imagem

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Uma história simples

Aquilo que nos move nesta prática diária de comentar a "espuma dos dias", leva-nos, muitas vezes, a esquecermos o que provoca essa espuma que tenta submergir-nos. Achamos que devemos comentar o que é absolutamente indispensável. Como se isso existisse.
E então é ver-nos falar de cidadania, de eleições, de livros, de música, em resumo, a armarmo-nos em interessantes. Consideramos interessante tudo o que nós próprios achamos e o que os que aqui vêm também poderão achar. Nesta excessiva disciplina que nos impomos, deixamos para trás o que nos incomoda no dia-a-dia.
Ora aqui estou eu a justificar algo que me deveria sair naturalmente. É assim: utilizo o comboio da Fertagus desde que o percurso Lisboa-Setúbal se realiza. Faço quase diariamente esta viagem. Para a ligação ao Chiado uso o Metro. Até aqui tudo bem. O pior é que tanto as carruagens que me trazem de Setúbal, como as que fazem o favor de me colocar na Baixa-Chiado, estão a precisar de uma manutençãozinha.
O lixo viaja connosco com o à-vontade de passageiro. O cheiro já começa a incomodar.
Será que tenho que voltar a vir de carro?
O inferno das bichas na ponte é de novo alternativa?
E pronto. Foi uma história simples. Sem a grandeza das opiniões que classificamos como definidoras de ideias. É, contudo, uma história dos meus dias. Desculpem se incomodei com tão grande banalidade. Mas esta banalidade incomoda-me.
Voltarei a ter desabafos destes. Esperem pela próxima.
JTD

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

A escolha


António Mega Ferreira é o novo presidente do Centro Cultural de Belém.
Melhor escolha seria difícil.
JTD

Favores

O que me incomoda na aprovação de Cavaco é a ideia de recompensa.
Oferece-se a ideia de que o homem deve ir para Belém porque foi um estadista do melhor.
É-nos também transmitido um certo sentimento de espírito de missão, como se nos fosse salvar de uma catástrofe.
A salvação que nos apregoam, dizem-na possível, devido a essa larga experiência como primeiro-ministro, no tempo em que jorravam as torneiras dos tonéis europeus. Percebemos então o intenso trabalho que herdámos ao olharmos para o estado em que ficou o país.
As torneiras encheram as pipas dos espertos de sempre - "Dançam a ronda no pinhal do rei".
O país continua na cauda de tudo o que parece insistir em existir. Nada alterou a inexistência nacional.
Devemos então a Cavaco o quê?
Pessoalmente, não estou interessado em pagar-lhe os favores que fez aos meus compatriotas, com automóveis "todo-o-terreno" e territórios comparticipados.
Tirei bilhete para outro campeonato. É nesse estádio que vou estar dia 22, com a percepção pouco auspiciosa de que nem sempre ganha o melhor.
Mas faremos por isso.
JTD

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Viva o velho


Acabei de assistir a uma entrevista a Mário Soares, na SIC.
Uma demonstração de exemplar cidadania, de humanismo, de inteligente exercício da política.
Velho? Velhos são os trapos, já lá dizia a minha avó.
JTD

domingo, 1 de janeiro de 2006

2006 | Ano Mozart


Este ano comemora-se o nascimento de um dos maiores nomes da música de sempre.
Assinalam-se 250 anos sobre o nascimento do autor de "A Flauta Mágica", "Don Giovanni", "As Bodas de Fígaro", "Cosi Fan Tutte", entre tantas outras criações geniais.
Salzburgo prepara-se para transformar as comemorações em algo de memorável.
A cidade que deu Wolfgang Amadeus Mozart ao mundo, exibe um sonoro orgulho pelo seu rebento.
O programa das festas é soberbo. Podemos ir até lá, aqui.
Voltarei mais vezes a este assunto. Volto sempre com muito prazer à música de Mozart.
JTD